Brasileiro: O Fanfarrão dos Games Online no Mundo

“Gosto de levar vantagem em tudo.” A frase, imortalizada pelo ex-jogador de futebol Gérson (campeão mundial com a seleção brasileira de 1970 e conhecido como o “canhotinha de ouro”), é usada por Gabriel Fortes, usuário do fórum de discussão Reddit, para explicar um pouco o comportamento do brasileiro nos games on-line.
“Assim como o Gérson, nós nos preocupamos com algo no jogo apenas quando ganhamos alguma coisa”, disse Fortes em um tópico no Reddit. “Nós também temos o famoso ‘complexo de vira-lata’. Achamos que tudo fora do Brasil é melhor e aceitamos cegamente esse tipo de jogador, pois ‘brasileiro é assim mesmo'”, completou.
 
‘EMBROMATION’
 
Jogadores podem ter um comportamento inadequado por causa da língua, segundo Julio Vieitez, diretor-geral da Level Up! no Brasil.
 
“A cada ano, mais e mais brasileiros entram na internet e jogam games para multidões. Mas a verdade é que poucos entendem inglês, por isso eles podem não seguir as instruções corretamente, ou mesmo entender o que as outras pessoas estão falando”, argumenta o executivo.
 
“Nós conversamos com muitos jogadores que agiram mal no passado, que simplesmente não sabiam que o que estavam fazendo não era certo dentro da lógica do game”, diz Jeffrey Lin, líder de design e sistemas sociais da Riot.
PhD em neurociência cognitiva, Lin é contratado pela Riot Games, responsável pelo game “League of Legends”, para estudar jogadores “tóxicos” e propor soluções que transformem os baderneiros (não só brasileiros) em jogadores organizados, com “espírito esportivo”.
Recentemente a empresa lançou um recurso chamado “chat restrito”, que limita o número de mensagens que podem ser enviadas por jogadores que agiram de forma “tóxica”. Isso faz com que ele tenha que economizar na hora de pedir dinheiro, emitir vários “huehuehue” e incomodar outros participantes.
“Muitas pessoas nos procuraram para serem colocadas voluntariamente na restrição de chat. Esse é um grande sinal de que muitos jogadores só precisam de ferramentas adequadas para transformar perspectivas negativas em positivas”, diz Lin.
 
ORIGEM
De acordo com o Know Your Meme, site que reúne conceitos que se espalham na web, o “huehuehue” e o “gibe moni plox” (“me dá dinheiro, por favor”) começaram a ser usadas em 2003, no RPG para multijogadores “Ragnarok Online”. Na época, houve uma grande “guerra”, entre jogadores brasileiros e estrangeiros.

 

“Aqui é Brasil, seu safado!”, gritou o jogador identificado pelo apelido L3L3K antes de assassinar um norte-americano no “DayZ”, game de tiro em primeira pessoa. “Tinha que ser brasileiro”, reclamou a vítima.
No jogo, ambientado em um mundo pós-apocalíptico apinhado de zumbis, os participantes têm que cooperar para sobreviver.
 
Mas L3L3K faz parte de um grupo de jogadores que prefere roubar equipamentos e enganar outros gamers com o objetivo de “tocar o terror”.
Há anos, o comportamento “tóxico” (termo usado pela indústria) é apontado por jogadores de games de multijogadores como tipicamente brasileiro.
“DayZ” é apenas o alvo mais recente, mas outros títulos, como “Call of Duty”, “World of Warcraft”, “DotA” e “Minecraft”, entre vários outros, também têm legiões de arruaceiros brasucas.
No fórum do game “League of Legends”, é possível ler frases como “brasileiros são o submundo dos games on-line, a personificação do que é ser troll, o mais infame e odiado tipo de jogador” e “graças a Deus, abriram servidores brasileiros, assim eles entram menos por aqui [nos servidores internacionais]”.
O problema, é claro, não é exclusivo do Brasil. Mas nenhum outro país tem uma identidade negativa tão forte. Alguns brasileiros, na tentativa de fugir do estereótipo, mudam a nacionalidade de seus perfis no jogo, a fim de não serem rechaçados.
“Podemos afirmar que esse não é um problema que tem origem no game. O jogador é, no mundo on-line, reflexo de como vive no mundo real”, diz Julio Vieitez, diretor geral da Level Up! (de games como “Grand Chase” e “Perfect World”) no Brasil.
GANGUE DOS ‘HUE’
“Jogadores brasileiros em games on-line são uma gangue, e não um grupo”, disse Isac Cobb, desenvolvedor independente, durante a feira de jogos PAX East 2013, em Boston, nos EUA.
 
Cobb chegou a cogitar o bloqueio dos brasileiros no novo jogo, mas disse que ainda não há nada decidido.

 

Entre as reclamações, estão a realização de assaltos, mendicância, ataque a membros do próprio time e outras atrocidades virtuais.
“Curtimos tocar o terror”, admite Caio Simon, 19, jogador de “DayZ”. “É só um jogo, estamos nos divertindo. Não é para levar tão à sério.”
Esse tipo de jogador é, às vezes, chamados de “hue”, por causa da risada típica, normalmente disparada após alguma barbaridade cometida: “HUEHUEHUE”.
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