Crítica: O Lar das Crianças Peculiares

O diretor Tim Burton (“Edward Mãos de Tesoura”, “Batman”, “Alice no País das Maravilhas”) sempre impôs o seu estilo visual e técnico, não se importando com o estúdio ou com o tamanho da obra que estava adaptando. Seja em sua visão ácida de um super herói, como em “Batman – O Retorno” ou embaralhando as coisas como fez no remake de “Planeta dos Macacos”, Burton constantemente aplicava a sua esquisitice em seus projetos e tudo que os estúdios podiam fazer, eram esperar que as obras caíssem no gosto do público. O quê, por sorte, ou pelo inegável talento do diretor, acontecia na maioria das vezes!

Porém, todavia, contanto, como diria o nobre Professor Girafales, nos últimos tempos, ainda que não saibamos ou não entendamos o motivo, a marca “Tim Burton” vêm se dissolvendo e seus filmes têm se tornado um tanto quanto convencionais e sem personalidade.

Infelizmente, o filme “O Lar das Crianças Peculiares” – adaptação do livro “O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares” de Ransom Riggs – é mais uma destas obras em que o antigo Burton se “refastelaria” e criaria um universo absurdo, contorcido e deformado, mas que aqui segue a fórmula convencional dos filmes adolescentes de hoje em dia, com muita correria e efeitos visuais excessivos.

Na trama, Jake (Asa Butterfield – no piloto automático) cresce ouvindo as histórias malucas de seu avô sobre um orfanato que abriga crianças com poderes e características sobre humanas. Quando mais velho, ele decide procurar pelo abrigo e acaba se deparando com um lugar perdido no tempo e espaço, onde as crianças não envelhecem e não são incomodadas por seres humanos normais. Mas é claro que existem vilões que querer acabar com a monotonia do local!!

O longa é praticamente uma explicação gigante de toda esta trama e o porque dela estar acontecendo. Não há tempo para conhecer os personagens e muito menos para se importar com eles. Tudo é feito na base da correria e exposição.

Elementos que são  base para para o sub-texto do filme, como a convivência com as diversidades e os  problemas enfrentados por adolescentes e jovens em suas jornadas de auto descobrimento rumo à vida adulta, são tratadas de maneira rápida e sem importância.

A personagem da Srta Peregrine, interpretada pela talentosa Eva Green – mas que claramente foi desenhada para a atriz Helena Bonham Carter, que se divorciou de Burton antes das filmagens – não têm muito o que fazer ou dizer. Parece até que o poder dela é desaparecer e reaparecer de novo.

Jake é outro que assiste a tudo praticamente mudo e com  a mesma expressão de sempre. Mas o prêmio de pior protagonista fica com Emma (Ella Purnell), a garota com o poder extraordinário de voar e que, apesar do potencial, consegue ser absolutamente desinteressante e sem graça.

Se não existe envolvimento com os personagens principais, imagine então o que acontece com os coadjuvantes?! Tudo que você viu sobre eles nas artes promocionais do filme, como trailers e cartazes, é exatamente o que estas figuras representam ou fazem no filme. Com destaque para os gêmeos, que até chamam a atenção por seu figurino sinistro, mas que praticamente nada fazem no longa inteiro. Mesmo que seus poderes sejam os mais úteis para combater os malvadões de plantão!

Por falar em malvados e para finalizar este já longo texto, duas perguntas:

O que será que se passava na cabeça do diretor para repetir, quase que fielmente, o visual de vilão negro sinistro bem vestido e de cabelos brancos, utilizado pelo próprio ator Samuel L. Jackson no filme Jumper de 2008??

E o que teria a dizer o Tim Burton criativo das antigas sobre tudo isso???

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*Agradecimente Especial: Fox Film do Brasil

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3 Comentários

  1. Caramba gente, que crítica mais ferrada! Dá pra sentir muito do Tim Burton no filme sim! Só porque não tem Johnny Depp e Helena Bonham-Carter e cobrinhas listradas não significa que o cara não é mais o mesmo… Vamos lá:
    A abertura é muito bonita. (talvez meio desconexa com o resto do filme, só retomando o clima dela no encerramento)
    A personagem da Emma remete demais à personagem da Alison Lohman em Big Fish. Praticamente o mesmo figurino e cabelo. E o jeito que ela voa e assopra o ar lembra bem o mundo da Alice.
    Aquela cena doida no parque de diversões me lembrou muito o filme Marte Ataca! (que é uma bosta, mas querendo ou não, é do Tim).
    Acredito que ele bebeu da fonte do Guillermo Del Toro pra fazer aqueles seres que comem olhos.
    O rosto dos gêmeos (que infelizmente só aparece por 1 segundo) lembra muito os desenhos que o Tim Burton faz desde criança (criaturas bizarras).
    Enfim… não li o livro, mas achei o filme bem divertido! Claro que a história de amor entre o Jake e a Emma é praticamente inexistente (de onde surgiu esse amor?) e tem umas cenas clichês, mas o filme não merecia ser tão esculachado, não acham?

  2. Caramba gente, que crítica mais ferrada! Dá pra sentir muito do Tim Burton no filme sim! Só porque não tem Johnny Depp e Helena Bonham-Carter e cobrinhas listradas não significa que o cara não é mais o mesmo… Vamos lá:
    A abertura é muito bonita. (talvez meio desconexa com o resto do filme, só retomando o clima dela no encerramento)
    A personagem da Emma remete demais à personagem da Alison Lohman em Big Fish. Praticamente o mesmo figurino e cabelo. E o jeito que ela voa e assopra o ar lembra bem o mundo da Alice.
    Aquela cena doida no parque de diversões me lembrou muito o filme Marte Ataca! (que é uma bosta, mas querendo ou não, é do Tim).
    Acredito que ele bebeu da fonte do Guillermo Del Toro pra fazer aqueles seres que comem olhos.
    O rosto dos gêmeos (que infelizmente só aparece por 1 segundo) lembra muito os desenhos que o Tim Burton faz desde criança (criaturas bizarras).
    Enfim… não li o livro, mas achei o filme bem divertido! Claro que a história de amor entre o Jake e a Emma é praticamente inexistente (de onde surgiu esse amor?) e tem umas cenas clichês, mas o filme não merecia ser tão esculachado, não acham?

  3. Oi Veri!

    Apesar de não concordar com o seu ponto de vista, assim como você não concorda com a nossa crítica, ficamos muito felizes com o seu comentário.

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