Um Limite Entre Nós

Em “Um Limite Entre Nós”, acompanhamos a vida de Troy Maxson, um homem duro e orgulhoso, sempre pronto para lidar com a hostilidade que o mundo lhe deu. Seu filho, Cory, é a principal vítima da visão de mundo limitadora do pai. Ao buscar seguir numa carreira esportiva como jogador de futebol americano, ele tem o progenitor como principal obstáculo, pois quando jovem, Troy sonhava em ser jogador de baseball, mas acabou não conseguindo e isso se tornou uma grande frustração em sua vida. Ainda temos Rose, esposa, mãe e dona de casa, que sempre tenta fazer com que o marido enxergue as coisas com um pouco mais de otimismo.

Não é preciso ser um especialista para saber que o filme se trata de uma adaptação de uma peça de teatro, já que o filme não possui uma grande variedade de cenários e praticamente nenhuma cena que envolva muita movimentação por parte dos personagens. Além disso, a quantidade de diálogos é abundante. Levando isso em consideração, fica claro que a grande força do filme está depositada no roteiro e nas performances.

Felizmente temos um elenco de peso, encabeçado por Denzel Washington como Troy e Viola Davis como Rose, ambos repetindo os papéis que fizeram em 2010, na Broadway. Os dois estão igualmente excelentes aqui, entregando as melhores performances de suas carreiras, carregadas de risos e lágrimas que tocam e convencem.

O roteiro de August Wilson, baseado na sua peça homônima de 1983, é excepcional em todos os aspectos, desde a forma como os temas centrais são tratados, passando pelos diálogos que vão do divertido ao incisivo e chegando finalmente à abundância de belas metáforas organicamente incorporadas ao texto.

O único ponto negativo do filme fica por conta da direção pouco criativa de Denzel Washington, a qual não consegue lidar muito bem com a natureza do seu roteiro carregado de diálogos e, ao tentar gerar dinamismo com alguns floreios de câmera artificiais, acaba chamando a atenção para o problema, ao invés de resolvê-lo.

“Um Limite Entre Nós” é um filme que faz o espectador questionar aspectos de sua vida, sua visão de mundo e a forma como lida com os seus próximos. Em certo momento da projeção, um dos personagens diz que podemos construir cercas (Fences, título original da obra) para afastar ou para unir. A pergunta que vai te perseguir após sair da sessão será: qual é a natureza das minhas cercas?

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