Guerra Mundial Z

Colocando inicialmente as metrópoles e o conglomerado e barulhento número de pessoas como norte, a zumbificação aqui não surge no pós-morte, mas como um tipo de doença viral em nível realmente global (remetendo diretamente aos últimos vírus da humanidade, como o ebola por exemplo). No centro do conflito, temos a típica família americana, sorridente, com o pai das panquecas ex-soldado e convenientemente ligado a ONU. As conveniências de suporte, aliás, não atrapalham o enredo, pelo contrário, o favorecem o tempo todo e fazem o protagonista rodar o planeta, literalmente, enquanto a escala viral vai ganhando corpo numa tragédia inevitável.

E apesar de alguns clichês iniciais, necessários pra construir a base narrativa, o filme não depende de estereótipos do gênero pra sustentar a história. Com um começo sufocante, onde a sobrevivência se faz necessária (e as referências e homenagens chovem de uma maneira bem-feita a cada frame) e, acima de tudo, a proteção da família (o bem mais valioso do homem, das criaturas inocentes que ainda não compreendem a doença que a Terra é), o diretor Marc Foster nos entrega cenas sensacionais e assustadoras, nunca nos dando tempo de respirar, que podem agradar facilmente a fãs de The Walking Dead e obras derivadas. Gostando ou não, mortos ou doentes, zumbis são zumbis, e os novos tempos fizeram que eles se tornassem triatletas, o que torna a sensação de perigo muito maior.

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Aliás, é com ótima noção de escala, que o diretor constrói o senso de gravidade durante toda a película. À parte dos absurdos visuais (como esse gif, ainda que bem justificados; entre outros a pilha de infectados escalando uma muralha etc), ainda temos uma jornada desesperada que, tal qual um bom game de terror, nos joga em excelentes (cinematicamente falando) e tenebrosos momentos onde esse pavor pode ser aplicado, tais cenários como: um aeroporto coreano (onde perde-se a primeira esperança e descobre-se sobre o paciente zero), uma cidade murada em Israel (com utopia instaurada e uma noção de como evitar o problema), um avião cruzando a Europa (um dos palcos mais perfeitos de todos os tempos pra se instalar o caos), e uma cidade remota onde reside a solução, num laboratório labirintico (onde além do clímax, temos também as melhores cenas de todo o longa, aflitivas ao máximo), que faria os criadores de Resident Evil aplaudirem em pé.

Criando um novo sistema de regras para se camuflar do ataque zumbi (como a sacada do som, genial), ao mesmo tempo que em contrapartida estabelecendo como as criaturas reagem (se um for morto, os outros ficam mais agressivos), Guerra Mundial Z também encontra um meio para os fins, sem necessidade de uma tragédia grega (como em Eu Sou a Lenda), ou desfechos apocalípticos (como na maioria dos filmes de zumbi), dando espaço ao mesmo tempo pra um fiapo de esperança, enquanto se mantém a reflexão do que pode ter realmente gerado essa merda toda.

No final, o desenlace é o que menos importa, diante do espetáculo de sobrevivência que essa história entrega e do espetáculo que é, tanto enquanto filme, como enquanto “filme de zumbi”, que há tempos precisava de uma cura desse tipo para o gênero.

 

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