Kingsman 2: O Círculo Dourado

Matthew Vaughn, que fez grandes primores do cinema de ação, com Kick-Ass e X-Men Primeira Classe, e depois de acertar bem no primeiro Kingsman, volta pro segundo acreditando que sequências devem ter o dobro de explosões e triplicações de cenas em plano-sequência vertiginosas. Mas o que ele não compreende, é que uma continuação se supera com um enredo subindo o próximo degrau e não se entupindo de gordura. Por isso mesmo, o diretor jamais faz sequências de seus filmes, aqui uma exceção ainda a ser estudada.

Eliminando praticamente todo o competente e glamouroso elenco do longa anterior pra justificar parte da motivação de Eggsy e Merlin, que precisam partir pros EUA e conhecer uma versão cowboy e menos soft dos agentes, aqui atuando no ramo das bebidas – o que gera pequenos momentos divertidos, mas ainda não dá frescor aos ecos.

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O Círculo Dourado ainda cai em dois erros bobocas. Um deles, foi trazer Colin Firth de volta (algo que infelizmente os pôsteres e trailers spoilearam contra a vontade do diretor e pra nossa infelicidade), só pra dar um resgate emocional, mas mais uma vez Vaughn não fez a lição de casa e esqueceu que, mesmo que distorça a jornada do herói, é importante que o mentor morra, pra que seu pupilo consiga evoluir com as próprias asas. O segundo problema tem nome: Channing Tatum, que faz uma aparição bacana, mas é dado uma importância a ele (na divulgação do material), que nunca é justificada e ele não faz por onde, sendo completamente descartável pra narrativa, assim como uma ou duas sequências tresloucadas.

Julianne Moore brinca de vilã (uma homenagem bacana aos egomaníacos de James Bond), ainda que Bruce Greenwood seja muito mais assustador em sua interessante figuração de presidente americano, uma evidente paródia e crítica a Donald Trump e sua politicagem racista e excludente, que aqui toma proporções absurdas, mas funcionam enquanto condenação. Por outro lado, Halle Berry e Jeff Bridges tem pouco a fazer em tela.

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Sendo assim, sobra pouco pra elogiar o longa, que ganha aplausos unicamente nas sensacionais sequências de ação, onde o diretor comanda com extrema competência (ele só encontra paralelo e empate em Guy Ritchie), onde cada movimento e acrobacia fica bem resolvido, mesmo que em alta velocidade. Algumas cenas são emuladas do primeiro filme, com o intuito de gerar certa comicidade no ato, mas não exatamente tem um propósito dentro da narrativa e acaba sendo gratuito. De qualquer forma, não acho que uma franquia como essa ainda esteja apta a se ecoar, como se fosse algo icônico o suficiente pra resistir a repetições de situações, mas enfim.

Se você quiser cinema escapista e divertido, sem maior preocupação com a história ou com qualquer contexto, Kingsman 2 até poderia ser uma boa pedida, mas eu recomendo rever o 1 ao invés disso. Afinal, O Círculo Dourado está mais para portfólio visual de Matthew Vaughn do que um filme de fato.

Elton John salva.

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