Crítica: Café Society

Desde o ano de 2003, o mega conceituado diretor de cinema Woody Allen, vêm filmando um filme por ano.. impreterivelmente. Desta ultra overdose de trabalhos, já saíram diversos pequenos clássicos, que além de concorrerem ao Oscar, ficarão gravados para sempre na mente dos amantes do bom cinema. Afinal, o que dizer do calor visual de “Vicky Cristina Barcelona” de 2008? Ou do show de  Cate Blanchett em “Blue Jasmine” de 2013? Ou ir ainda mais fundo, com a trama inacreditável de “Match Point“??

Mas é óbvio que com tantas obras em tão pouco tempo, algumas sejam medianas e outras até esquecíveis… ou alguém aqui ainda se lembra de “Scoop – O Grande Furo” de 2006? E infelizmente, é neste balaio que se encaixa o mais novo filme de Allen, o “Café Society”.

A trama principal, como quase sempre nos filmes do cineasta, é bem simples. Nos anos 30, Bobby (Jesse Eisenberg), um rapaz jovem vindo de Nova York, resolve se mudar para Los Angeles em busca de um futuro promissor. O local não foi escolhido por acaso e sim porque seu tio Phil (Steve Carel), que é um grande agente das estrelas de cinema da época, mora em Hollywood. No escritório do tio, ele conhece Vonnie (Kristen Stewart), e se apaixona a primeira vista. O problema é que a garota já tem um namorado secreto, então cabe a Bobby lutar para fazê-la se apaixonar por ele.

O grande tempero do filme todo é a ambientação na era de ouro do cinema holywoodiano e também a declaração de amor de Allen para o jazz, que é de presença onipresente na trilha em quase todas as cenas do filme. Outro ingrediente de ótima qualidade são as pequenas tramas paralelas, principalmente as que envolvem o irmão mafioso de Bobby (Corey Stoll – O vilão do homem formiga!!) e também o seu cunhado comunista e filósofo Leonard (Stephen Kunken), que profere frases incríveis como: “Viva seu dia como se fosse o último, afinal, um dia você terá razão”.

Não tem como fugir do óbvio, o grande problema do filme é o elenco principal. Kristen Stewart definitivamente não sabe atuar, apesar de ter sido extremamente abrilhantada na fotografia. A cena em que ela precisa chorar é de fazer qualquer um virar o rosto de vergonha. Mas quem realmente demonstra que é ator de um papel só é Jesse Eisenberg. É impressionante como a persona de Mark Zuckerberg, que ele interpretou em “A Rede Social” não se desgruda de seu corpo. Se isso já era visível em sua desastrosa versão de Lex Luthor em “Batman vs Superman“, aqui ela aparece ainda mais, já que o porte e a movimentação de um nerd over não combinam em nada com a ambientação dos anos 30 do filme. Fica pior ainda, quando o personagem dele tem uma boa virada no roteiro e ele não consegue acompanhar, trazendo aquela sua mesma gesticulação exagerada de sempre.

Aliás, essa virada do roteiro, que acontece no meio do filme, praticamente anula o que de melhor a trama do filme apresentava até o momento e a partir dela, a história parece se arrastar por mais 45 minutos. É como se tivéssemos visto um grande jogo de futebol no primeiro tempo e depois do intervalo as equipes resolvessem “segurar” o jogo. E pior, colocando um grande jogador na reserva!

Se existe algo de bom nessa fonte ininterrupta de trabalho de Woody Allen é que, se 2016 não foi um ano bom para ele, você já sabe que no ano que vem ele pode se redimir. Como o novo projeto dele tem Kate Winslet e Juno Temple no elenco, já dá pra acreditar (e torcer!!) que coisa boa pode vir por aí.

* Agradecimento Especial: Imagem Filmes

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