De Profundis, de Oscar Wilde

Oscar Wilde já era reconhecido como um dos melhores autores de seu tempo quando foi condenado à prisão, em 1895. A acusação de ‘indecência grave’ remetia à muito discutida homossexualidade de Wilde, considerada crime na época. Enquanto estava encarcerado, o autor escreveu uma carta a Lord Alfred Douglas, com quem mantinha uma relação que foi o estopim para sua prisão. Intitulada ‘De profundis’, a carta, amarga, traz uma reflexão a respeito da ética, com a linguagem de um grande escritor, um homem cuja vida não seria mais a mesma após os anos de encarceramento, mas cuja obra permaneceria por séculos como um cânone da literatura.

Fonte: https://www.livrariacultura.com.br/p/livros/biografias/de-profundis-42275467

Naturalmente, Oscar Wilde é muito mais conhecido por O Retrato de Dorian Gray, mas o autor tem uma obra vasta e bem variada. De Profundis é uma carta escrita por Wilde enquanto estava preso por ser homossexual, para o (então) ex- namorado, Lord Alfred Douglas (conhecido como Bosie).

Mas nada é tão simples quanto parece à primeira vista. Bosie foi praticamente responsável pela prisão de Wilde, uma vez que convencido pelo pai, acabou depondo contra o escritor.

Por se tratar de uma carta, a prosa de De Profundis é completamente diferente da prosa de O Retrato de Dorian Gray. Em primeiro lugar, Wilde escreve em primeira pessoa e se refere diretamente a Bosie, e claro, o livro não conta uma história ficcional ou fantástica. Aliás, o livro é mais uma argumentação sobre a relação de Wilde e Bosie e de como Bosie é cruel e egoísta. E a prosa de Wilde funciona muito bem, é impossível ler De Profundis e não ter certeza absoluta de que Bosie era uma pessoa terrível.

Wilde e Bosie.

Lembrando que Bosie provavelmente tinha muitas justificativas para trair Wilde, como o fato de que na época em que Wilde e Bosie viveram, era ilegal ser gay na Inglaterra, ou o fato de Bosie ser bem mais novo que Wilde, e depender exclusivamente do dinheiro do pai (ou de Wilde), um homem influente e poderoso. Independentemente delas, Bosie entrou para a história da literatura como o ex-namorado ingrato e traidor de Oscar Wilde.

Só o fato do livro narrar uma história verdadeira já é extremamente interessante. É muito legal saber detalhes da vida pessoal de Wilde e ainda pensar que o livro retrata uma história de amor (embora cheia de mágoa) homossexual que se passa nos anos 1800 torna o livro bem moderno e muito interessante. Por incrível que pareça, o livro foi de fato publicado na época, mesmo sendo contra a lei, uma vez que depois da prisão, Wilde já era assumido.

O talento de Wilde para as palavras é impressionante e por isso, é muito fácil de se convencer de tudo que ele diz sobre Bosie, embora a gente nunca tenha tido acesso à versão de Bosie dos fatos, mas sem dúvida nenhuma é ótimo ler o que Wilde tem para nos contar.

Stephen Fry e Jude Law como Wilde e Bosie.

O livro também fala sobre uma época que soa absurda hoje em dia, em que era literalmente proibido ser homossexual a ponto de levar um homem a prisão e faz o leitor atual refletir o quanto evoluímos e ainda temos para evoluir.

Além disso, Wilde faz basicamente o que todo mundo gosta de fazer: falar mal de ex. O que os cantores pop fazem hoje em dia, Wilde já estava fazendo lá em 1805. O livro (que para Wilde eram só cartas) funciona como um desabafo e uma libertação para o escritor.

De Profundis nunca virou filme, no entanto a vida de Oscar Wilde já se tornou uma cine biografia chamada Wilde – O Primeiro Homem Moderno, que foca bastante na relação de Wilde (interpretado por Stephen Fry) com Bosie (Jude Law).

De Profundis é um livro moderno, que expõe todos os sentimentos de seu escritor, de um jeito lindamente escrito.

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2 Comentários

  1. Oi, Douglas! Fico feliz que gostou do texto. Oscar Wilde era incrível mesmo!

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