AKIRA, de Katsuhiro Otomo, editora JBC

O clássico definitivo dos mangás ganhou uma edição portentosa e de respeito pela JBC, depois de anos sem ver as estantes brasileiras após a longínqua versão da Globo.

A princípio, pelo menos neste colossal primeiro volume, o enredo do mangá (iniciado em 82) é muito semelhante ao filme animado (de 88), com sutis ajustes, como por exemplo, a ausência não sentida da namorada de Tetsuo.

Katsuhiro Otomo arrebenta em cada página (que nesta edição gigante valoriza todos seus painéis), com enquadramentos singulares e cinematográficos, impactantes e muito virtuosos, com seu estilo autêntico, sem sequências confusas, em uma narrativa que flui entre ótimos diálogos, cenas de ação espetaculares e uma tensão cheia de gravidade sufocante que fica planando sobre o enredo o tempo todo, a medida que a investigação dos rebeldes caminha, o governo criando entraves em paralelo, e no meio do fogo cruzado um pentelho Kaneda com sua gangue de motoqueiros, que fode o esquema todo, ainda mais ao ver seu antigo amigo desandando para um lado bizarro e improvável da psiquê humana.

Otomo inaugurou o cyberpunk com esta obra-prima muito antes do subgênero aportar no Japão, o que evidencia um vanguardismo do autor que marcou sua carreira para sempre, fornecendo ainda um traço atemporal que não envelheceu com o passar das décadas, em um trabalho completo, ainda hoje não superado.

AKIRA se faz importantíssimo e obrigatório para qualquer leitor (mesmo que você “não goste de mangá”), entregando momentos inéditos mesmo para aqueles, como eu, que já viram e reviram o filme centenas de vezes — incluindo aí sequências exclusivas e um maior desenvolvimento não só dos protagonistas, como também dos coadjuvantes, algo que somente páginas e páginas são capazes de resolver.

Akira

Mesmo gigantesco, a leitura do mangá é rápida e proveitosa, com desfecho aberto e satisfatório para o esperadíssimo volume 2.

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