ANON, um mundo sem privacidade

Em um mundo futuro onde não há crime por causa de um sistema de vigilância extrema, um detetive acaba encontrando uma mulher que descobriu uma falha no regime de não-privacidade e que ameaça toda a construção da sociedade.

Usando uma linguagem visual muito específica: todos os seres humanos possuem um tipo de implante nos olhos que permite que tudo o que cada um vê, ao longo de toda a vida, seja gravado em um servidor “na nuvem” chamado de O Éter. Tais imagens podem ser acessadas pela polícia para desvendar crimes. Além disso, o implante permite que o usuário acesse informações em tempo real, como um “Google” dentro de seu campo visual, que traduz ou explica tudo o que a pessoa vê. A trama se conduz de forma morosa em maior parte em primeira pessoa (seja pelo ponto de vista do protagonista ou de outros personagens) e se faz entender a medida que avança, mesmo com o excesso de explicações rebuscadas a respeito da tecnologia, que em algumas vezes chegam a cansar.

Clive Owen faz o papel principal, na figura de um detetive lutuoso, de ira contida, que acaba se envolvendo com a garota desconhecida — a queridinha do diretor, Amanda Seyfried, que não perde a oportunidade de valorizar suas curvas e em cenas de sexo pontualmente. Vale ressaltar também o cenário morto com que o futuro é retratado, em uma fotografia cinzenta, um paisagismo frio e sem graça, como somente as grandes metrópoles são capazes de fornecer. Em um mundo apático, onde tudo é resolvido com um piscar de olhos.

A história se valida mais pelo debate que abre, a respeito da falta de privacidade cada vez maior que estamos caminhando neste exato momento (a China, aliás, já iniciou um avanço nesse sentido) e o perigo da exposição e do armazenamento em nuvem, do que pelo andamento do enredo em si, que não entrega grandes momentos. Essa atmosfera seca, apesar de colaborar para o tom do filme, acaba por cansar no ato final, que tem uma resolução clichê dentro do gênero.

A proposta, contudo, é válida e merece uma espiada.

ANON

Andrew Niccol escreve e dirige esse policial noir que discute a privacidade e muito bem poderia ser mais um episódio de Black Mirror.

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