Crítica: Herança de Sangue

Mel Gibson dos anos 90 era O CARA. Era um dos grandes astros, ao lado de Tom Cruise, Brad Pitt, Bruce Willis e afins. De quebra, ainda era um ótimo diretor e dirigiu, dentre outros, o inesquecível “Coração Valente” em 1995 e ganhou até o Oscar de direção e filme naquele ano.

Mas como tudo que é bom dura pouco, em episódios de bebedeira, prisões e porradaria,  Gibson se mostrou um homem preconceituoso, anti-semita e violento, o que lhe rendeu dezenas de processos e ele viu seu nome se transformar em lama rapidamente nas páginas policiais dos jornais.

O público passou a fugir dos filmes do astro, assim como a indústria do cinema e ele se tornou uma espécie de “persona non grata” nos círculos dos grandes estúdios.

Mas como a vida tem que continuar – o aluguel é caro!! – Mel correu para onde as portas não se fecharam: Fez um homem que falava com uma marionete no filme “Um Novo Despertar”, da amiga de velha data, Jodie Foster. Fez pontas e vilões que aparecem pouco em “Machete Mata” e no “Os Mercenários 3”.

O papel de protagonista em filme de ação, algo que era o habitual em sua era de ouro, veio somente no pequeno “Plano de Fuga” – que passou longe do radar do grande público – onde ele era um preso americano em uma mega prisão mexicana. É mais ou menos com este visual arenoso e violento deste último, que se apresenta o novo filme de Gibson, “Herança de Sangue”.

Como em uma viagem por sua própria vida, ele interpreta John Link, um alcoólatra em remissão e em liberdade condicional, que se isola em uma comunidade no deserto para fugir de seu passado de “capanga motoqueiro”. Ao receber o telefonema de sua filha desaparecida, tudo que ele havia deixado para trás bate “literalmente” à sua porta.

O longa não chega a ser péssimo, mas a falta de originalidade da trama, somada à interpretação pífia da atriz Erin Moriarty, como a filha igualmente desajustada de John, faz com que a personagem esteja tão fora de tom, que  ela parece estar no filme errado. Diego Luna, um bom ator que em breve estará em “Star Wars Rogue One”, é outro que se rende aos clichês e entrega aquele traficante latino canhestro que a gente já viu em dúzias e dúzias de outros filmes.

“Herança de Sangue” foi o longa que encerrou o Festival de Cannes deste ano e saiu de lá um tanto elogiado. Talvez por mostrar o esforço de Mel Gibson para retornar à indústria ou então pela auto referência à vida conturbada do astro, que o filme, sem nenhuma vergonha, estabelece o tempo todo.

Seja qual for o motivo, Mel agradece e aproveita a onda para emplacar mais duas produções como diretor: “Hacksaw Ridge”, filme de guerra elogiadíssimo no Festival de Veneza e que estreia ainda este ano e “Paixão de Cristo 2”, em que ele promete terminar sua polêmica  história sobre Jesus Cristo. É ver, pra crer!

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*Agradecimento mais do que especial: California Filmes

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