Cinema Queerité – Gêneros e Identidades no documentário Paris is Burning

Um estudo de Ademir Corrêa

Cinema Queerité – Gêneros e Identidades no documentário Paris is Burning analisa o documentário Paris is Burning, que explora a cultura dos bailes gay no Harlem, ao mesmo tempo que fala sobre gênero, sexualidade e todas as supostas obrigações ligadas a essas questões.

Paris is Burning

Lançado em 1990, “Paris is Burning” é um documentário que adentra a cultura dos bailes gays, no bairro do Harlem, em Nova York. Através dos olhos de oito personagens reais, o filme mostra a preparação, a realização, as premiações e todos os costumes dos bailes, frequentados por transgêneros, homossexuais e drag queens, em sua maioria negros.

Para além disso, o filme acompanha a vida desses personagens fora do baile, fazendo um paralelo entre os bailes, os seus momentos de gloria e sua vida atribulada, com preconceitos – raciais e sexuais -, a pobreza, violência, HIV, entre outros.

O livro analisa o documentário Paris is Burning - Cinema Queerité
O livro analisa o documentário Paris is Burning

“Paris is Burning” é considerado um dos grandes filmes do cinema queer e influenciou séries como Pose e RuPaul’s Drag Race.

O livro

O livro de Ademir Corrêa é uma análise profunda de “Paris is Burning”. Aqui o autor mergulha fundo no importante documentário e nos traz quase uma decupagem do tema. E, depois, acrescenta outras questões a essa trama que já é, por si só, muito complexa.

Cinema Queerité é dividido em três partes. Na primeira, Corrêa nos apresenta aos entrevistados do documentário, e narra algumas das cenas que estão presentes no filme. Essa primeira parte serve como uma introdução ao longa e, automaticamente, ao tema, e é ótima para quem não assistiu ao filme ou o assistiu há muito tempo.

Corrêa também nos dá uma contextualização da época em que o filme foi rodado e lançado. É sempre bom lembrar que a produção é da década de 1990, quando o mundo era menos permissivo e onde o preconceito – especialmente em relação a transgêneros e drag queens – era maior.

O livro também fala sobre racismo, homofobia e transfobia
O livro também fala sobre racismo, homofobia e transfobia

Cinema Queerité

Na segunda parte, a obra analisa um pouco dos entrevistados do documentário, pessoas que, em sua maioria, fazem parte de mais de um grupo minoritário, e que sofrem preconceito de vários tipos todos os dias, mas que veem nos bailes que frequentam uma forma de extravasar todo esse sentimento.

Aqui Corrêa relaciona o documentário com a teoria queer de Judith Butler e aponta os bailes e suas categorias – Butch Queen, Runaway, Legendary, entre outros – como uma forma de, muitas vezes, mimetizar o mundo heterossexual e assim evitar um preconceito tão explícito.

Já a terceira parte, explora a representação presente no documentário e a formação de uma cultura queer, a partir desse tipo de baile. “Paris is Burning” é, inegavelmente, um filme com muita representatividade, lançado em uma época onde transgêneros e drag queens não tinham visibilidade nenhuma.

Corrêa investiga não só o que os bailes simbolizavam para aquelas pessoas, naquela época, mas também o que eles simbolizam até hoje e toda a influência que eles exercem ainda hoje, desde o “Vogue”, de Madonna, até o reality show “RuPaul’s Drag Race”, que emula categorias e momentos dos bailes.

Temas de Cinema Queerité – Gêneros e Identidades no documentário Paris is Burning

Dizer que “Paris is Burning” é apenas um documentário que retrata a cena gay de Nova York é uma maneira bem pobre de descrever um trabalho que é extremamente importante. Ele não só é uma introdução a esse mundo, como também explana a situação dos homossexuais, drag queens e transgêneros nos Estados Unidos dos anos 1990.

Cinema Queerité – Gêneros e Identidades no documentário Paris is Burning explica a importância do documentário
Cinema Queerité – Gêneros e Identidades no documentário Paris is Burning explica a importância do documentário

No filme nos deparamos com a pobreza, o racismo, a homofobia, a dificuldade em arrumar emprego, a expulsão da família biológica, que cria a necessidade de se unir em Houses – famílias formadas entre as drags queens e os transgêneros – e algumas tentativas de mudança de sexo biológico, que aqui são faladas com clareza e com muito cuidado. Cinema Queerité, assim como o filme que ele pesquisa, também traz à tona todas essas questões.

O livro é muito esclarecedor e, quando liga o filme a outros conceitos, explica temas e questões que não são de conhecimento geral, mas que deveriam. Corrêa também analisa o comportamento do elenco e retrata não só as questões sociais que envolvem esses grupos, mas questões pessoais e de identidade, sexual ou não.

“Paris is Burning” apresenta o telespectador ao mundo dos bailes, suas categorias, seus costumes e suas gírias. O livro de Corrêa também faz isso e, quando explica e examina conceitos, deixa essa aproximação ainda maior.

As obras são muito mais do que uma introdução a cena gay dos anos 90
As obras são muito mais do que uma introdução a cena gay dos anos 90

Talvez seja difícil entender a importância de um filme como “Paris is Burning” nos dias de hoje, quando as drag queens e os transgêneros já tem uma participação maior – ainda que não suficiente – na grande mídia e na cultura mainstream, mas o documentário é, de fato, revolucionário e foi inovador na sua época.

Cinema Queerité – Gêneros e Identidades no documentário Paris is Burning é um estudo moderno do filme, que tem leitura fácil, temas instigantes e importantes e muita informação. O livro está disponível  na loja nômade Barra Funda Autoral, em São Paulo, no site da Amazon e pela Editorial Paco.

Cinema Queerité – Gêneros e Identidades no documentário Paris is Burning

Nome Original: Cinema Queerité – Gêneros e Identidades no documentário Paris is Burning
Autor: Ademir Corrêa
Editora: Paco Editorial
Gênero: Não Ficção, Cinema, LGBTQIA+
Ano: 2021
Número de Páginas: 153

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