John Wick – Um Novo Dia para Matar

Quando De Volta ao Jogo (John Wick) foi lançado em 2014, ele pegou todos de surpresa. O filme agradou a crítica e o público, gerando dinheiro suficiente para garantir uma parte dois. No entanto, o anúncio da continuação deixou os admiradores do cinema de ação num misto de empolgação e temor, afinal o histórico recente de sequências de filmes de ação não é nada animador.

Tomemos como exemplo a série Busca Implacável (Taken, 2009), estrelada por Liam Neeson. Enquanto o primeiro filme serviu até certo ponto como uma lufada de ar fresco no cinema de ação contemporâneo norte-americano, os dois filmes posteriores se mostraram completamente desnecessários caça-níqueis visando apenas lucrar com a boa vontade dos fãs do original. Felizmente John Wick: Um Novo Dia para Matar entrega justamente aquilo que se espera de uma continuação de um bom filme de ação: mais! Mais ação mirabolante, mais sequências de tirar o fôlego e mais visceralidade.

O longa começa não muito depois dos acontecimentos do seu antecessor. John está atrás do seu precioso Mustang e não mede esforços para recuperá-lo. Em outras palavras, ele passa por cima do que (e de quem) estiver no seu caminho. Essa sequência inicial já deixa claro para o espectador que não se trata de mais um daqueles filmes de ação onde cada cena de luta é composta por milhares de cortes aleatórios e uma cacofonia ensurdecedora (cof, cof, Resident Evil 6, cof, cof.) É possível enxergar, se localizar e entender todas as lutas e perseguições do filme. Além disso, o design de som é espetacular, desde sua trilha-sonora deliciosamente pesada e sombria até os sons claramente distinguíveis de cada tiro, soco, batida e rolada pela escada (você vai entender quando assistir.)

Uma das melhores coisas do primeiro filme da série era a mitologia por trás de toda essa sociedade secreta de assassinos, especialmente no que diz respeito ao luxuoso hotel Continental. Após conseguir recuperar seu carro de estimação, o protagonista volta para casa e se depara com uma figura de seu passado com quem tem uma dívida de sangue. Ele inicialmente tenta escapar de sua responsabilidade, mas logo fica claro que não será tão simples. É desencadeada uma série de eventos que nos mostram com mais detalhes os pormenores, os costumes e procedimentos dessa subcultura marginal dos assassinos, e isso é feito de uma forma muito eficiente. Existe uma montagem em particular que mescla cenas de John comprando ternos, armas e um mapa do local a ser infiltrado. Fica difícil não se empolgar com o hype estabelecido em relação ao que está por vir.

Keanu Reeves não é um ator particularmente reconhecido por suas habilidades interpretativas ou o escopo do seu range de emoções, mas isso é usado a favor do roteiro, afinal o personagem por ele interpretado é reconhecido por sua frieza. É importante ressaltar a qualidade do ator como astro de ação. Reeves passou por um treinamento intenso antes das filmagens e quase não utiliza dublês. Seu desempenho nas cenas de luta é impressionante. Uma agradável surpresa é a participação de Laurence Fishburne (o eterno Morpheus, da trilogia Matrix) em um papel interessante que é interpretado com muita naturalidade e confiança pelo ator veterano.

É curioso que um dos palcos das matanças estilizadas do filme seja um museu o qual ao mesmo tempo exibe esculturas clássicas e abriga uma instalação de arte contemporânea, já que o filme é, ao seu modo e dentro do seu gênero, uma obra de arte que reúne o que há de melhor em toda a história dos filmes de ação. Reeves já deixou claro em entrevistas que está disposto a voltar para uma eventual terceira parte, e os resultados de bilheterias nos Estados Unidos tem se mostrado bastante positivos. Somando-se isso à forma aberta e instigante como o filme termina, está claro que é somente uma questão de tempo para que a trilogia se complete e tenhamos acesso a uma das mais belas exposições de sangue, suor e balas já feitas em Hollywood.

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