Peça Teatral: O Pai

O Pai é originalmente uma peça francesa de Florian Zeller, que narra o cotidiano de um pai (Fulvio Stefanini) já idoso e com uma crescente perda de memória, e sua filha Ana (Carolina Gonzalez), que cuida dele.

A peça se define como uma comédia dramática, mas na verdade trata de um tema bem pesado, que é a velhice, porém fazendo isso de maneira engraçada. André, o pai, está a cada dia mais esquecido, mas isso é mostrado para a platéia, a principio, em forma de confusões divertidas, como um relógio que supostamente foi roubado e depois aparece no armário.

Uma das coisas mais interessantes é que nós assistimos a peça do ponto de vista de André e por isso, nós vemos varias situações se repetirem durante a peça, a passagem de tempo é mostrada de maneira muito rápida, como se anos tivessem passado em apenas dois minutos e em alguns momentos, as pessoas próximas de André são representadas por atores diferentes, para mostrar que ele não está reconhecendo as pessoas ao seu redor. Tudo isso faz com que o espectador se sinta literalmente dentro da mente de André.

No começo isso pode causar um pouco de confusão, mas é uma solução inovadora para mostrar um ponto de vista completamente diferente: o do idoso que está perdendo a memória, afinal, colocar a peça do ponto de vista de Ana, a filha, seria bem menos original.

O elenco da peça O Pai.

Mas claro que a peça também dá muito destaque a Ana e é muito fácil se ver no lugar dela, dividida entre cuidar do pai, que a cada dia precisa de mais atenção e viver sua própria vida, com o namorado, sempre na dúvida sobre qual aspecto da sua vida merece mais destaque.

Talvez a peça seja cheia de humor justamente para dar um respiro no assunto que permeia toda a história: a queda na saúde de André e como isso é um caminho sem volta. O Pai fala muito claramente sobre filhos tendo que lidar não só com a morte dos seus pais, uma ideia que é capaz de assombrar qualquer um, mas também da percepção que os papeis entre pais e filhos podem ser trocados de um segundo para o outro: se um dia você foi o que recebeu cuidados, alguns anos depois você vai ter que prestar cuidados. A peça mostra como é ver um ente querido que antes era forte e protetor e agora, não passa de uma criança.

Outro assunto debatido na peça é qual é o dever do filho para com seu pai: Ana deve ficar com o pai e cuidar dele até a sua morte ou ela deve viver a sua própria vida? Enquanto a primeira opção pode trazer arrependimento, a segunda pode trazer culpa.

Paulo Emilio Lisboa e Fúlvio Stefanini em cena de O Pai.

O elenco da peça é extremamente forte e funciona muito bem junto, mas Fulvio Stefanini é um show a parte, é impossível tirar os olhos dele quando ele está em cena e ele representa perfeitamente bem a queda na saúde de André, conforme o tempo vai passando, nos fazendo crer, em alguns momentos, que ele é mais velho do que de fato é.

Além de  Fulvio Stefanini, que ganhou o prêmio Shell de melhor ator e Carolina Gonzalez, O Pai  tem no elenco  Déo Patricio, Carol Mariottini, Paulo Emílio Lisboa e Wilson Gomes. A direção é de Leo Stefanini e a peça está em cartaz no Teatro Renaissance, até o dia 10 de Junho.

O Pai

Temporada: de 23 de Março a 10 de Junho

Horário: Sextas e Sábados às 21h30 e Domingos às 18h

Ingressos: A partir de R$40

Prêmios: Shell de Melhor Ator - Fulvio Stefanini; Aplauso de melhor cenário – André Cortez; Aplauso de melhor espetáculo do ano

Direção: Léo Stefanini

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