Nintendo e Eu

Crescer é uma experiência universal

Nas Filipinas dos anos 1990, o pré-adolescente Paolo (Noel Comia Jr.) e seus amigos esperam pela chegada do verão, época em que pretendem andar de bicicleta e investigar uma história de terror que ronda o bairro, ao mesmo tempo em que descobrem seus primeiros amores, primeiras experiências e primeiras decepções.

Nintendo e Eu acompanha um grupo de pré-adolescentes que espera pela chegada do verão, quando eles estarão, na teoria, livres para fazerem o que quiserem. A sinopse lembra muitos outros filmes como Conta Comigo e Agora e Sempre, e isso acontece porque, de uma certa forma, todos esses filmes falam de experiências universais da pré-adolescência.

Em Nintendo e Eu, Paolo se apaixona por Shiara (Elijah Alejo), e nem percebe que sua melhor amiga, Mimaw (Kim Chloie Oquendo), está apaixonada por ele. Os meninos roubam Playboys, experimentam drogas, paqueram meninas, andam de bicicleta, jogam videogame e, em determinado momento, resolvem ir até o cemitério para investigar uma lenda urbana que aterroriza todos na região.

O filme Nintendo e Eu acompanha um grupo de amigos
O filme acompanha um grupo de amigos

Claro que para além disso, o filme tem questões muito particulares que dizem respeito ao tempo e espaço em que ele se passa e nisso reside o seu diferencial. A maioria dos filmes que retratam grupos de jovens amigos nos mostram a perspectiva estadunidense da pré-adolescência, mas Nintendo e Eu se passa nas Filipinas e faz esse retrato. Além disso, o filme se passa no começo dos anos 1990, por isso que a Nintendo ganha a importância de estar, inclusive, no título do longa, e essa fatia de tempo permite um reconhecimento da plateia que hoje é adulta, mas que foi criança ou adolescente no mesmo período em que a história se desenrola.

Um filme de formação

Também como acontece com frequência em filmes que retratam personagens nessa faixa etária, Nintendo e Eu é um filme de formação que retrata anos definidores não só de seu protagonista, mas também dos amigos dele. E é ótimo que o filme faça questão de retratar toda a turma com bastante detalhe, até Shiara, a crush de Paolo, que em um filme mais tradicional seria relegada a uma posição quase endeusada, tem sua vida esmiuçada em alguma medida e algumas das suas próprias questões expostas.

O filme retrata experiências universais, mas algumas particulares de sua época e espaço
O filme retrata experiências universais, mas algumas particulares de sua época e espaço

Enquanto é um pouco difícil acompanhar todos os meninos que são apresentados aqui, Mimaw, uma menina que anda com os meninos, ganha bastante destaque, o que demonstra uma espécie de evolução dentro desse subgênero que geralmente se dedica a retratar meninos vivendo suas primeiras experiências. Mimaw passa por transformações internas e externas e tem uma personalidade um pouco mais profunda do que só a paixonite que sente por Paolo.

Aspectos técnicos de Nintendo e Eu

Não existe muita inovação dentro do subgênero em que esse filme se encaixa e, indiretamente, se inspira, isso porque a ideia é justamente retratar experiências que são comuns a boa parte das pessoas. Ainda que exista a diferença de países e épocas, crescer é uma experiência universal, por isso é possível ver semelhanças entre Nintendo e Eu e outros filmes como Conta Comigo, It – A Coisa e Anos 90, que se passam na mesma época. O diferencial aqui é o lugar onde esses adolescentes vivem, o que rende algumas experiências diferenciadas, como por exemplo, o ritual de circuncisão pelo qual os meninos passam.

Não tem muita trama em Nintendo e Eu para além de acompanhar esses pré-adolescentes em suas vidas, e na pequena investigação que eles fazem, que tem elementos bem leves de terror, mas de alguma maneira, o filme funciona, seja porque as crianças se veem querendo fazer o que os personagens fazem – ainda que esse não seja um filme voltado para a faixa etária que ele retrata -, seja porque os adultos se reconhecem no que é mostrado em cena, a sensação é de nostalgia.

Embora não tenha uma trama intrincada, Nintendo e Eu funciona
Embora não tenha uma trama intrincada, o longa funciona

O elenco também é ótimo e as crianças são muito simpáticas, é impossível não gostar delas e não torcer por elas, o que traz ainda mais charme para o longa. Nintendo e Eu não é um filme de sessão da tarde, onde pré-adolescentes se colocam em aventuras perigosas e no caminho aprendem sobre a vida, ele é um filme em que esses personagens aprendem sobre a vida e começam a caminhar em direção à vida adulta, mesmo que as aventuras aqui retratadas sejam comuns, que só soam como aventuras para quem está prestes a iniciar a vida.

Nintendo e Eu chega aos cinemas no dia 27 de abril.

Nintendo e Eu

Nome Original: Death of Nintendo
Direção: Raya Martin
Elenco: Noel Comia Jr., Agot Isidro, Moi Marcampo, John Vincent Servilla, Mailes Kanapi
Gênero: Comédia
Produtora: IndieFlip
Distribuidora: Pandora Filmes
Ano de Lançamento: 2020
Etiquetas
Botão Voltar ao topo
Fechar