Pânico (1996)

O slasher que marcou o Douglas na adolescência, Pânico jamais envelhece com o passar das décadas e se prova o maioral dentro de seu subgênero, de maneira criativa e irreverente.

Kevin Williamson, que na época era um roteirista iniciante, é o principal responsável por esse marco inegável do cinema. Reverenciando com respeito e bom humor todo o filme de serial-killer que veio antes (em especial o Halloween de 78, de John Carpenter), e com o toque de midas do gênio Wes Craven na direção, Pânico não só ressuscitou o slasher nas telonas, como também o subverteu, colocando um assassino vulnerável (e não imbatível como seus antecessores), personagens conscientes de sua situação e as brilhantes sacadas envolvendo a estrutura desse tipo de filme de terror (com referências e homenagens enciclopédicas) — e só melhorou com o passar das sequências.

O lance de colocar Drew Barrymore (a maior estrela do elenco até então) para morrer na impactante sequência inicial (por falta de agenda da atriz, mas que não queria deixar de participar da produção), foi uma decisão formidável, até mesmo porque abriu portas para a cativante Neve Campbell como protagonista e uma das melhores rainhas do grito já vistas no cinemão, nesse longa também que sabe como desenvolver o protagonismo feminino vinte anos antes do discurso vir à tona, que o diga Courteney Cox e as demais atrizes que ganharam destaque nas sequências.

O design perturbador da máscara do Ghost-Face e a ideia de que poderia ser qualquer um que comprasse a fantasia — numa estrutura interessantíssima de whodunit (Agatha Christie manda um abraço), aliado a trilha sonora fora do padrão (Marco Beltrami era apaixonado por faroeste e se inspirou nos clássicos westerns para compor a trilha, não nos slashers, entregando um material diferenciado) e a brutalidade desavergonhada, são a cereja no bolo.

Rever Pânico também é uma delícia, justamente por então sabermos das revelações — e notarmos quando os dois assassinos, que se passam por um, estão em cada cena (sim, existe essa identificação em cada filme — com exceção do terceiro, onde é apenas um). Uma facada e tanto. Filmaço!

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