Creed III
Eu não sou um grande entusiasta da categoria “filmes de luta”, que inclui aí os filmes de boxe. O que é irônico, porque eu adoro ver hominho dando soquinho se ele estiver usando uma roupa colorida, se tiver uma capa, se estiver voando ou se o filme começar com um letreiro vermelho escrito “Marvel“. Mas eu lembro de ter gostado de “Creed” e, é claro, tenho um lugar no meu coração para qualquer filme com o Rocky. Então eu estava até ligeiramente animado com as perspectivas de Creed III.
Rocky sem Rocky
E, se foi o Rocky que me levou a assistir os Creed, o tio Stallone deve estar orgulhoso dos caminhos que o filho toma sozinho. O novo Creed é realmente bem legal, apesar da impressão que eu vou esquecer dele da mesma forma como já esqueci do enredo dos dois primeiros filmes. Lembro que em Creed II o Adonis luta contra o filho do Ivan Drago e o Rocky reata o relacionamento com o filho e é um final bonito que meio que encerra o arco do nosso lutador favorito.
Eu honestamente gosto dessa resolução e não me importo com o fato do Rocky não estar neste novo filme. Adonis Creed segue seu caminho sozinho, um lutador já consagrado e até um idoso para o esporte.
Não é preciso ter os dois primeiros filmes frescos na cabeça para curtir este. A gente já começa com a agradável lembrança que o cara está bem de vida, academia bombando (é começo de ano também, toda academia enche), morando bem, com uma filha surda adorável, casado com a Tessa Thompson. Ganhou na vida.
Dinastia Majors em Creed III
E se ele tá bem, imagina a Tessa Thompson. Porque assistir ao Michael B. Jordan treinando sem camisa é um desafio à heterossexualidade de qualquer um. E parece que um negro gostoso não é o bastante, então Jonathan Majors é escalado como o grande antagonista da vez.
Com uma história bacaninha, que começa lá no longínquo ano de 2002 (meu deus, ele era uma criança em 2002 e tá praticamente aposentado este ano, como a gente tá velho) e que coloca muito mais coisa em jogo do que um mero título esportivo.
Creed III se destaca como um dramalhaço. E isso é bom: o filme gasta um bom tempo definindo as motivações e relações entre os personagens para quando chegar a hora da lutinha, colocar tudo isso em jogo.
E isso funciona porque os atores principais são bons. É delicioso ver Michael B. Jordan e Jonathan Majors interagindo. Os dois brilham quando aparecem na tela e não só porque são negros gostosos. Majors, que já apareceu na Marvel como o grande vilão da vez, surpreende pelo tamanho de seus músculos. Se Kang teoricamente se destaca por sua mente perspicaz, este filme mostra que não há a menor condição do Paul Rudd sobreviver a cinco minutos de porrada com ele. Sim, Creed III é um filme tão bom que consegue deixar Homem Formiga 3 pior ainda.
Diretor Jordan
O filme também é a estreia de Michael B. Jordan atrás das câmeras, na direção. Não poderia ter um debute melhor: com um personagem ao qual ele já estava confortável e com montagens que fazem parecer que ele estava se divertindo bastante. As cenas de luta são bem legais e diferentes dos outros filmes, com inspirações aparentemente de animes e até câmeras lentas bem usadas, que remetem ao Sherlock Holmes de Guy Ritchie descobrindo o ponto fraco do inimigo enquanto luta.
O filme poderia ser um pouco menor (minha reclamação padrão dos anos 20), mas ele passa rápido. É provável que eu vá esquecer dele em algumas semanas. Mas para a diversão de hoje, valeu a pena demais.