BGS 2025

Entre promessas grandiosas, influenciadores e uma entrega segura

A Brasil Game Show 2025 chegou ao novo Distrito Anhembi, em São Paulo, cercada por expectativas. A organização prometia uma reformulação estrutural e conceitual para reposicionar o evento como o maior e mais tecnológico palco gamer da América Latina. A nova casa, com pavilhões amplos e visual reformulado, parecia o cenário ideal para inaugurar uma nova fase da feira — mais moderna, imersiva e digitalmente conectada.
Na prática, o público encontrou uma edição sólida e nostálgica, repleta de experiências interativas e nomes de peso, mas que também deixou transparecer o caráter de “edição de transição”, com ajustes ainda necessários e promessas que ficaram a meio caminho.

Uma abertura de peso e nomes que fizeram história

Desde os primeiros dias, ficou claro que o grande trunfo da BGS 2025 estava em seu line-up de convidados internacionais. Ícones da indústria, como Hideo Kojima e Yoko Shimomura, foram os grandes responsáveis por trazer de volta o sentimento de “acontecimento mundial” que sempre marcou as melhores edições da feira.
Kojima, por exemplo, participou de um painel especial sobre narrativa e tecnologia, enquanto Shimomura emocionou o público ao falar sobre a trilha sonora de Kingdom Hearts e Final Fantasy XV. As sessões de autógrafo tiveram filas quilométricas e foram, para muitos, o ponto alto do evento.

Além disso, o concerto “A New World: Intimate Music from Final Fantasy” — apresentado em conjunto com a BGS — reforçou o lado artístico e emocional do encontro, mostrando que o evento não é apenas sobre games, mas também sobre cultura e paixão por tudo o que cerca esse universo.

Nintendo rouba a cena — enquanto PlayStation e Xbox ficam ausentes

No campo das marcas, a Nintendo assumiu o protagonismo absoluto. O estande da empresa trouxe demonstrações do aguardado Switch 2, ainda sem data de lançamento confirmada, e títulos inéditos que fizeram o público vibrar. Os testes de jogabilidade e o contato direto com o novo hardware foram, sem dúvida, um dos momentos mais comentados da feira.

Já as ausências foram sentidas. PlayStation e Xbox, gigantes que tradicionalmente movimentam multidões na BGS, tiveram presenças inexistentes. A ausência de anúncios inéditos ou lançamentos de impacto contribuiu para uma sensação geral de que o evento se concentrou mais em experiências já conhecidas do que em revelações bombásticas.
O público saiu satisfeito com o clima e a energia, mas parte dele esperava algo mais inovador ou surpreendente.

Influenciadores, streamers e a nova dinâmica do evento

Outro ponto marcante desta edição foi o protagonismo dos influenciadores e streamers. Mais do que convidados, eles se tornaram parte essencial da identidade da feira. Diversas marcas apostaram em transmissões ao vivo, painéis interativos, e ativações que integravam criadores de conteúdo ao público — com destaque para nomes populares da Twitch e do YouTube Gaming.

No entanto, nem tudo saiu como o esperado. Apesar da enorme procura pelos meet & greets, filas longas e alterações de última hora frustraram parte do público. Alguns influenciadores anunciados acabaram com presença reduzida, e a estrutura para lives nos estandes mostrou limitações técnicas, como quedas de conexão e barulho excessivo.
Ainda assim, o engajamento digital foi gigantesco: hashtags da BGS dominaram as redes sociais durante todos os dias de evento, e o conteúdo gerado ao vivo garantiu que a feira extrapolasse os portões físicos do Anhembi.

Estrutura e experiência do visitante

A mudança de local foi um dos temas mais debatidos da edição. O Distrito Anhembi, mais amplo e moderno que o antigo Expo Center Norte, trouxe melhorias visíveis: corredores mais largos, estandes mais espaçosos e áreas temáticas bem distribuídas.
Por outro lado, o público ainda enfrentou filas demoradas, pontos de alimentação saturados e uma circulação confusa em horários de pico.

Outro ponto que gerou controvérsia foi a política de não reentrada. Visitantes que precisavam sair temporariamente — para almoçar, resolver algo fora ou apenas respirar um pouco — não podiam retornar com o mesmo ingresso. A regra foi amplamente criticada nas redes e em comunidades de fãs.

Apesar disso, a feira acertou ao reforçar serviços como guarda-volumes, zonas de descanso e suporte técnico para visitantes com necessidades especiais. Pequenos ajustes logísticos podem transformar esses acertos pontuais em pontos de excelência para as próximas edições.

Ausências e o impacto no conteúdo

A edição de 2025 também marcou uma presença mais tímida das grandes publishers ocidentais. Sem novidades expressivas de EA, Ubisoft ou Bandai Namco, o espaço acabou dominado por estúdios independentes e marcas de hardware, que aproveitaram para exibir novos periféricos, cadeiras gamer, monitores e tecnologias de realidade aumentada.
Essa mudança de perfil reforçou o caráter mais comercial e de experiência do evento, mas tirou parte da sensação de “revelação global” que o público mais entusiasta esperava.

Reações do público e a leitura geral

Nos corredores e nas redes sociais, a percepção geral foi positiva, mas moderada. A maioria dos visitantes destacou a energia da comunidade gamer, o carisma dos convidados internacionais e a organização visual dos estandes, mas também apontou pontos de melhoria.
Entre os relatos mais comuns, estavam as filas longas para influenciadores, o excesso de ruído em áreas de transmissão, e o calor dentro dos pavilhões — mesmo com a estrutura nova.

Ainda assim, muitos destacam que foi a edição mais estável desde 2019, o que é um feito relevante considerando o crescimento do público pós-pandemia e a migração para um novo espaço.

Veredito

A BGS 2025 pode não ter sido revolucionária, mas foi consistente e madura. O evento reafirmou sua importância para a cultura gamer brasileira, mostrou fôlego para se renovar e manteve vivo o entusiasmo que move seus visitantes ano após ano.

Se o novo Anhembi representou um passo importante na modernização da estrutura, a próxima edição deve ser o teste definitivo para consolidar o equilíbrio entre tecnologia, conveniência e espetáculo.

No fim das contas, a BGS deste ano cumpriu o que prometeu: uma feira segura, vibrante e emocionalmente poderosa, ainda que sem o brilho de edições históricas.
E se 2025 foi o ano da reestruturação, 2026 tem tudo para ser o ano da consagração.

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