Crítica: A Nona Vida de Louis Drax
Em A Nona Vida de Louis Drax, o protagonista de nove vidas que dá nome ao título (Aiden Longworth – um ótimo ator!) é um garoto astuto, criativo, sonhador e azarado. Prestes a completar 9 anos, ele já sofreu os mais variados tipos de acidentes e já padeceu de quase todas as doenças que uma criança poderia ter.
No dia de seu aniversário, em um piquenique com sua mãe (Sarah Gadon – mais linda que a vida!) e seu pai (Aaron Paul – no automático), o menino sofre seu acidente final e cai de um penhasco, entrando em um coma profundo.
É neste estado de inconsciência – uma espécie de “limbo” – que temos o ponto de vista de Louis sobre toda a sua vida de tragédias. O garoto também conta com a ajuda de um monstro enigmático, que o guia pelo caminho árduo de suas memórias reais e também das lembranças “levemente” enfeitadas.
Em torno de toda esta história, temos as investigações policiais, médicas e psicológicas dos motivos que levaram o garoto ao coma, juntamente com o desaparecimento de seu pai – suspeito de ter empurrado o menino – e a fragilidade da mãe perante ao drama de ter seu filho exposto a tantos sortilégios em tão pouco tempo.
Alexandre Aja, hábil diretor de filmes de terror, tenta mixar um clima de “contos de fadas” com a maldade e a violência do mundo real – assim como fez, brilhantemente, o mestre Guilhermo Del Toro em o Labirinto do Fauno – mas não consegue manter a sintonia por muito tempo.
Sempre que ele transita do núcleo do “faz de conta” do menino, para a realidade da clínica médica – na figura insossa do especialista em “coma” (Jamie Dornan) – o filme perde muito. E o que é lúdico e belo em alguns momentos, torna-se apenas um suspense comum e previsível no restante do tempo.
A trilha sonora de Patrick Watson, também não ajuda muito. Porquê apesar de notável, ela acaba sendo intrusiva demais e deixa uma lacuna quase silenciosa nos momentos em que não estamos acompanhando as memórias do garoto.
Ao final, quando o filme decide fundir a realidade e a fantasia, a solução encontrada para esta junção é um artifício tão banal, que parece ter sido escrito somente para terminar a história de alguma forma.
É louvável e extremamente animador que existam diretores como Aja, que ousam e tragam filmes com algo de diferente ao “cinemão”. Só é preciso que eles encontrem o equilíbrio necessário para emocionar e entreter com inteligência. Tudo na mesma medida.
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*Agradecimento Especial: Imagem Filmes