Pequeno Segredo

As intenções sempre foram boas, afinal a história da pequena Kat é perfeita para um drama daqueles que nos fazem chorar aos litros. Porém, a maneira como o diretor e irmão da menina real, David Schurmann, resolveu contar essa história, aproxima-se muito mais da linguagem de uma novela. E uma novela ruim.

Na trama, um rapaz neo-zelandês (Erroll Shand) em viagem ao Brasil fugindo de sua mãe dominadora (Fionnula Flanagan), se apaixona por uma garota brasileira (Maria Flor) e eles casam e têm uma filha. Ao mesmo tempo, acompanhamos a história da menina já crescida (Mariana Goulart), que agora mora com a casal Schurmann (Julia Lemmertz e Marcello Antony) e vive as agruras da adolescência, desconhecendo seu quadro de saúde – o tal do Pequeno Segredo!!

Por serem figuras extremamente conhecidas – eles estão praticamente todos os domingos no Fantástico da TV Globo – o casal de velejadores Vilfredo e Heloisa Schurmann, já expuseram diversas vezes os fatos reais que o filme esconde como se fosse algo inédito, não fazendo sentido nenhum para o expectador. É como se você assistisse a um filme de mistério em que você já sabe tudo, antes mesmo dele começar!

Outro problema que orbita o longa, é a falta de distanciamento que o diretor tem com a própria história. Como ele é membro da família, fica muito difícil para ele mostrá-los de outra forma que não seja com um respeito exagerado. Isso torna todos os personagens do filme pouco críveis e adiciona doses gigantescas de sacarose na tela. Menos, é claro, para a única pessoa que não se rende à panelinha dos Schurmann, a avó da garota, que acaba se tornando uma espécie de vilã estereotipada do longa – mesmo que o diretor tenha nos dito que, na vida real, esta senhora é ainda mais megera do a que foi mostrada no filme!!

Soma-se a isso uma forçada de barra na sequências dramáticas, onde são utilizados velhos clichês e artifícios para fazer os expectadores chorarem e uma certa “breguice” visual – especialmente a borboleta no começo e a dança do final, que são de corar qualquer um!!

A família Schurmann é muito legal – tive o prazer de conhecê-los na coletiva de imprensa do filme e até peguei uma carona com eles…. de elevador! rs.. – a trilha sonora do grande Antonio Pinto é muito boa – intrusiva as vezes – Julia Lemmertz se entrega bem ao papel que lhe cabe e, como eu disse antes, o diretor estava cheio de boas intenções. O problema é que, infelizmente, o “Pequeno Segredo” é coração demais e cinema de menos.

*Agradecimento Especial: Diamond Films

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