A Baleia

Em setembro, o grupo abstrato-orgânico ao qual podemos chamar “twitteiros-fãs-de-cinema” ficou nostálgico e emocionado com Brendan Fraser. Após uma exibição de seu novo filme, “A Baleia“, o ator ficou fofamente sem graça e visivelmente emocionado ao receber uma ovação de seis minutos de um teatro inteiro aplaudindo de pé (com as únicas exceções, talvez, da pessoa que estava filmando e da pessoa que estava com o cronômetro catalogando o tempo de aplauso).

Aí todo mundo lembrou de como o ator era um galã dos anos 1990, puta cara gente boa, estourou com o sucesso “A Múmia” e foi fazendo filmes cada vez mais obscuros até cair no ostracismo. Teve também uma sequência de fraturas que afastaram o astro das telas e uma acusação de abuso sexual contra Philip Berk, ex-presidente da Hollywood Foreign Press Association, que o deixou depressivo e ainda mais recluso.

Então o retorno do ator deixou uma galera feliz à beça. Até o The Rock tuitou elogios a Brendan. Porque é isso que a gente quer: ver um ator gente boa mandando bem. Pra ver gente escrota atuando mal, já bastam as novelas da Globo.

Hong Shau em cena de A Baleia
Hong Shau em cena de A Baleia

Aronofsky, saúde.

Finalmente o tal filme “A Baleia” está estreando em terras nacionais. Se já não fosse o hype por conta da aclamação quase unânime de seu astro protagonista, a obra é mais uma estreia da A24, companhia de cinema independente da qual eu sou uma putinha de qualquer lançamento.

O diretor é outro figurão: Darren Aronofsky. Seu último filme foi “Mãe!“, lançado em 2017 (aquele com o Javier Bardem e a Jennifer Lawrence). Lembro que eu tinha saído do cinema não tendo gostado muito do filme, mas depois de uma semana pensando sobre as infinitas metáforas dele eu concluí que um filme que me faz pensar por uma semana não pode ser ruim.

Seguindo o histórico do diretor, “A Baleia” é outro drama meio incômodo. Intimista, tem um roteiro pesado e poucos personagens. A direção de Aronofsky é competente e até ligeiramente claustrofóbica (potencializada por uma dimensão de tela mais apertada do que o normal para o cinema). Mas quem brilha mesmo é Brendan.

Sadie Sink
Sadie Sink

A Baleia do Brendan

A atuação de Fraser ocupa toda a tela, o tempo todo, de forma literal, pelo quão gordo seu personagem é, quando metaforicamente, como ele brilha em toda cena, às vezes com expressões discretas.

Também não há muito para distrair o espectador: minimalista, com um único cenário e quatro personagens, ele é claramente inspirado em um roteiro teatral. Mas é claro que só funciona com um protagonista de destaque e parece que não poderia haver ator melhor.

Somando sua apoteótica história de retorno às telas, o filme é de Fraser e a indicação ao Oscar de melhor ator não só é merecida como ele é alçado a favorito. Brendan Fraser está de volta e o cinema só tem a ganhar com isso.

A Baleia

Nome Original: The Whale
Direção: Darren Aronofsky
Elenco: Brendan Fraser, Sadie Sink, Ty Simpkins, Hong Chau
Gênero: Drama
Produtora: A24
Distribuidora: Califórnia Filmes
Ano de Lançamento: 2022
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