Coringa: Delírio a Dois (2024)

Um filme covarde que não assume suas propostas.

Eu gosto bastante do primeiro Coringa. Eu sei que há toda a problemática ao redor do personagem, que, principalmente após o longa de 2019,  acabou sendo muito abraçado por incels, mas considero um excelente filme. A atuação de Joaquin Phoenix é soberba e, mesmo sendo um retalho de diversas obras cinematográficas, tive uma experiência memorável assistindo-o no cinema. Lembro que a sensação de desconforto e de imprevisibilidade era constante. Então, a expectativa para a sequência era alta, ainda mais com o anúncio de que seria um musical com Lady Gaga na figura de Arlequina. Eis então que o primeiro trailer sai e apesar do visual bonito, fica a dúvida: qual vai ser a história do filme?

A resposta é que não há uma história em Coringa: Folia a Dois. O filme, de certa forma, parece querer desconstruir a figura que seu antecessor criou, mas permanece apenas na tentativa. Ambientado no julgamento de Arthur Fleck, ao discutir sua imputabilidade e seu aspecto mental, temos uma retomada constante de assuntos e situações já tratadas, sem nunca, de fato, avançar na trama. 

Joaquin Phoenix continua incrível e sua atuação é o ponto alto do filme. Lady Gaga também está muito bem, mesmo com um roteiro raso que não aprofunda em nada sua Arlequina, transformando-a em uma personagem simplista e que se fosse totalmente retirada do filme, em praticamente nada impactaria na trama. 

A parte técnica também é muito boa. A fotografia, figurinos e luz trabalham bem e fazem a ambientação de Gotham lembrar as nossas cidades, mas com um aspecto lúdico que a diferencia. Em contrapartida, a direção de Todd Phillips, mesmo contendo momentos interessantes, peca em uma construção verossímil e coesa, principalmente envolvendo o lado musical do filme, cujos números são pouco inspirados e repetitivos, servindo constantemente para quebrar um ritmo já quase inexistente.

Falando na parte musical, deve-se ressaltar que, para mim, o filme foi covarde nesse quesito. Em entrevistas, o diretor falou que o filme, apesar de conter músicas, não era um musical (assim como ele insiste em dizer que não é um filme de quadrinhos, renegando toda a origem da obra, o que me dá uma preguiça gigantesca). Todas as músicas e momentos musicais também poderiam muito bem serem cortados da obra sem nenhum prejuízo. Eles não servem para que a história ande, para que os personagens evoluam, ou até como entretenimento. A impressão que tive foi que colocaram essa parte apenas para aproveitar melhor a escalação de Gaga.

No fim, apesar de ótimas atuações, Coringa: Delírio a Dois é um filme vazio, sem história ou propósito e que não assume aquilo que se propõe a fazer, renegando sua origem e culminando em um final que coroa sua própria covardia.

Vi espectadores e críticos apontando que as supostas “falhas” do filme são virtudes, pensadas minuciosamente pelo diretor para construir uma história inteligente e crítica, que poucas pessoas vão conseguir entender.

Na minha humilde opinião, a não ser que o Todd Phillips seja um gênio incompreendido da sétima arte (o que duvido muito),  as falhas do filme são apenas… falhas.

Às vezes o filme é apenas ruim. E tá tudo bem.

Nome Original: Joker: Folie a Deus
Direção: Todd Phillips
Elenco: Joaquin Phoenix, Lady Gaga.
Gênero: Musical, Drama.
Produtora: DC e Warner Bros.
Distribuidora: Warner Brothers.
Ano de Lançamento: 2024
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