Um Estado de Liberdade

Em tempos sinistros como estes em que estamos vivendo, com empresários milionários tomando novamente o poder e com um movimento conservacionista crescente, é bom assistir a filmes que nos façam pensar e refletir sobre o nosso papel diante da injustiça e do preconceito.

No momento em que presenciamos uma primeira dama sendo chamada de “Macaca de Salto” e latinos sendo tocados de um ponto de ônibus à base de “guarda-chuvadas” por velhinhas brancas estridentes americanas, talvez seja a hora de rever o passado e tentar entender o que ocorreu por lá, e o que aconteceu para que chegássemos a este ponto.

O filme Um Estado de Liberdade é baseado em fatos reais da vida do fazendeiro Newton Knight (Matthew McConaughey – Excelente como sempre!), que se rebelou contra seu próprio exército na guerra civil americana em 1864. Ele fazia parte dos confederados – que defendiam o direito de homens brancos possuírem escravos negros – mas em certo momento, entendeu que, na verdade, eles estavam defendendo apenas os direitos de homens ricos. Soma-se a isso o fato de que o exército confederado, em nome da guerra, arrasava plantações e roubava alimentos e suprimentos de seu próprio povo!

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Matthew McConaughey (a esquerda)

Como poderia ser executado por traição, Newton se abriga em um pântano, onde diversos escravos fugitivos também se refugiam. Começa aí uma história de luta que dura até hoje, porque nem mesmo o fim da guerra pode assegurar os direitos de pessoas negras nos EUA. E isso é mostrado muito bem, porque em paralelo com a história do fazendeiro, temos um julgamento de um de seus descendentes – um branco – que é acusado, nos anos 60, de se casar com uma mulher branca, sendo que a lei do estado não permite a união de brancos com pessoas que tenham negros como antepassados, por até 8 – OITO – gerações!!

Apesar de alguns problemas aqui e ali, principalmente com o ritmo inconstante e pela escolha de mostrar grande parte da vida de Newton, o filme do diretor Gary Ross (Jogos Vorazes) é um soco na cara, por mostrar que mesmo depois de tanto tempo, com tanta cultura acumulada, nós pouco aprendemos.

Uma cena significativa do longa, no momento em que negros podem votar pela primeira vez nos EUA e são hostilizados pelas autoridades, é de uma significância tão grande e com uma similaridade tão absurda com a realidade que o país nortenho vive hoje – as eleições americanas são tão complicadas, que a maioria da população prefere não exercer o seu direito – que é difícil não se pegar pensando nela, enquanto assiste ao noticiário internacional de hoje, com imagens da cavalaria Ku Klux Klan desfilando pela Carolina do Norte.

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*Agradecimento Especial: Paris Filmes

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