Deadpool & Wolverine (2024)

O mercenário tagarela conseguiu trazer Hugh Jackman de volta, mas será que valeu a pena?

Acho importante começar com a seguinte sugestão: controle sua expectativa. Deadpool & Wolverine não é o melhor filme do mundo, muito menos a salvação do MCU. Mas ele é divertido. Muito divertido.

Temos que tomar como base que o personagem Deadpool, desde sua origem nos gibis roteirizados por Rob Liefeld (1991) quanto nos dois primeiros filmes, apresenta um humor escrachado, pastelão, muitas vezes bobo e recheado de palavrões, sem contar toda a metalinguagem, autodepreciação e violência. E sejamos sinceros, o roteiro nunca foi seu forte. Então, o que se esperar de um filme com essas exatas características, somado a muita zoação com a Fox/Disney/MCU e algumas participações especiais?

Neste terceiro longa do Mercenário Tagarela, Deadpool acaba se juntando ao Wolverine após receber uma missão da TVA (organização apresentada na série Loki que controla a continuidade e manutenção das linhas do tempo) para impedir que seu universo deixe de existir. Basicamente, é o que dá pra apresentar sobre a trama sem incorrer em maiores spoilers.

Ryan Reynolds lutou para que um filme deste personagem saísse do papel e foi só com a ajuda dos fãs que seu sonho se concretizou. Ele ama Deadpool e isso é perceptível em sua atuação (e aqui, pela primeira vez, também é co-roteirista do projeto). Mas o grande elefante da sala é: como trazer o Wolverine de volta sem estragar seu legado após o ótimo Logan (2017)? Trazer o amado herói foi uma jogada arriscada. De um lado, é sempre bom ver Hugh Jackman no personagem (e só o fato dele estar no filme já deve ter levado a Marvel/Disney a lucrar uns bons milhões a mais). Por outro lado, caso fosse feito de uma maneira ruim ou inconsistente, correria o sério risco de estragar o personagem (e sabemos como os fãs de heróis são, ainda mais tendo em vista que o MCU não está em sua melhor fase). Felizmente, essa pergunta é respondida no primeiro minuto do filme, na forma mais Deadpool possível.

A versão do Wolverine deste filme, mais que apenas o clássico uniforme amarelo, realmente traz aspectos inexplorados do personagem. Assim que saí da sessão, pensei estar diante da melhor interpretação de Hugh Jackman no papel do carcaju, mas após uma breve reflexão, percebi o óbvio; sua atuação em Logan ainda é muito superior por toda a carga dramática da história. Ainda assim, podemos ver neste filme um Wolverine carregado de culpa, sem esperanças, mas que também é cínico e que se diverte em alguns momentos, recheado por uma raiva e brutalidade latente. Quase como uma amálgama de todos seus filmes anteriores com a adição de algumas novas camadas.

Inclusive, toda parte dramática do Wolverine – e até do Deadpool – me surpreenderam positivamente. Não se enganem, a trama é simples, os arcos dos personagens são clichês, mas a entrega dos atores consegue fazer com que tudo funcione. 

Emma Corrin (The Crown) está muito bem no papel da vilã Cassandra Nova, irmã gêmea de Charles Xavier. A forma em que ela utiliza seus poderes é cômica e ao mesmo tempo assustadora. Matthew Macfadyen (Succession) também é um ótimo acréscimo ao filme, no papel de um antagonista caricato e divertido.

A abertura da película apresenta uma cena de ação hilária que já demonstra ao espectador desavisado que tipo de conteúdo ele pode esperar no decorrer do projeto. Shawn Levy (Stranger Things) faz um trabalho competente na direção. As cenas de ação individuais, onde apenas dois personagens se enfrentam, são bem dirigidas e coreografadas, porém, em batalhas que envolvem um número elevado de pessoas, a direção acaba ficando um pouco confusa. Inclusive, há uma batalha em plano sequência envolvendo diversos personagens que até apresenta um ou outro aspecto positivo em golpes e visuais, mas que não é lá muito bem executada.

Outro ponto válido a se comentar são as cameos, ou aparições, tão esperadas em obras envolvendo o multiverso, ainda mais em um filme que serve como “ponte” do fim de uma era ao início de outra (da Fox para o MCU). O que me surpreendeu foi que personagens que eu tinha certeza que apareceriam sequer deram as caras, enquanto outros totalmente surpreendentes surgiram. Uma parte da audiência ficará bem perdida com o que verá, mas a galera que tem lá seus 30 e poucos anos (millennials – que o filme deixa bem claro ser seu público alvo) acabarão bem contentes. 

Sangue, piadas, lutas, discussões, palavrões, aparições e um pouco de drama (porque não?) se misturam para tornar Deadpool & Wolverine não um filme memorável ou épico, mas um ótimo entretenimento e também uma ótima homenagem aos filmes de heróis produzidos pela Fox, que se recebido com a expectativa correta, pode te deixar com um grande sorriso ao fim da sessão.

Scorsese uma vez disse que filmes de heróis são como parques de diversão. Verdade ou não, deixo pra vocês debaterem. Mas olhando sob essa ótica, Deadpool & Wolverine é uma baita atração divertida que você provavelmente irá querer revisitar depois de algum tempo.

Nome Original: Deadpool & Wolverine
Direção: Shawn Levy
Elenco: Ryan Reynolds, Hugh Jackman, Emma Corrin, Matthew Macfadyen
Gênero: Ação, Aventura, Comédia, Super-Herói
Produtora: Disney/Marvel
Distribuidora: Disney
Ano de Lançamento: 2024
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