Imaculada (2024)

Obras de terror envolvendo padres, freiras, monastérios, conventos e exorcismos sempre me fascinaram. Talvez por essa mistura do sagrado com o profano, como se estivéssemos assistindo algo proibido ou errado.

Em Imaculada, novo filme do diretor Michael Mohan, temos Cecilia (Sydney Sweeney),  uma jovem freira americana saindo de seu país de origem para atuar em um convento na Itália, comandado pelo Padre Tadeschi (Álvaro Morte). Lá, ela acaba engravidando de forma misteriosa e sendo considerada pelos outros a mãe do novo Salvador. Enquanto a gravidez se desenrola, situações estranhas e misteriosas passam a acontecer em sua volta, levando a protagonista a duvidar das verdadeiras intenções dos moradores do convento. 

Se você pensou já ter lido essa sinopse em algum lugar, está correto. Há pouquíssimo tempo, foi lançado nos cinemas o excelente A Primeira Profecia, com a premissa exatamente igual. Porém nele, temos um desenrolar muito, mas muito, superior. 

Atualmente, muitos filmes e séries tem uma extensa duração, frequentemente desnecessária, resultando em momentos de barriga ou de enrolação. Entretanto, alguns filmes demandam mais tempo de tela, e a curta duração de Imaculada (89 minutos) foi prejudicial para o longa. Os personagens não são desenvolvidos. As temáticas não são desenvolvidas. É tudo muito superficial e jogado; uma sucessão de acontecimentos sem nenhuma profundidade. 

Essa temática de nunsploitation — reproduzir de forma apelativa e exagerada os abusos e opressões sofridas pelas mulheres, principalmente freiras, no meio católico — teve seu ápice na década de 1970, mas parece estar muito em alta nesses últimos anos. Podemos citar Benedetta (2021), A Freira (2018) e Irmã Morte (2023) como exemplos. Ocorre que em Imaculada, algumas cenas passaram do ponto, fazendo o filme se tornar uma espécie de torture porn.

Para não ser injusto, preciso confessar que adorei o final do filme. Sydney Sweeney já se provou uma excelente atriz, transitando entre os mais diversos gêneros, como drama e comédia. E aqui, ela se mostra muito competente também para o terror. A última cena é uma longa tomada em que Sweeney mostra todo seu poder de atuação, culminando em um final ousado e corajoso. 

Em uma emulação fraca de O Bebê de Rosemary (1968), nem as boas atuações de Sweeney e Álvaro Morte e um final ousado salvam Imaculada de ser um filme completamente esquecível.