MaXXXine (2024)

Encerramento da trilogia de terror de Ti West prometeu tudo e entregou (quase) nada.

MaXXXine, filme que encerra a trilogia de terror protagonizada por Mia Goth (a neta da brasileira Maria Gladys, para os desavisados) é uma continuação direta de X (2022) e acompanha Maxine Minx em busca do estrelato em Hollywood após sobreviver ao massacre da fazenda do primeiro filme, em um período em que o “pânico satânico” domina a sociedade e diversas atrizes estão sendo mortas por um suposto serial killer chamado de Night Stalker.

Os filmes anteriores (X e Pearl), também dirigidos e roteirizados por Ti West,  apresentam uma qualidade técnica e artística fora de série. No primeiro, um terror slasher muito bem construído que foge do usual ao apresentar uma assassina idosa (também protagonizada por Mia Goth) com os mesmos sonhos da protagonista, resultando em uma correlação entre o algoz e sua vítima. Já no segundo, temos toda a construção de Pearl (a assassina de X) e o que a levou a virar, de fato, a personagem que nos é apresentada no filme de estreia.

Em MaXXXine, Ti West relembra os acontecimentos dos longas anteriores, porém em uma estrutura desconjuntada e sem foco, que não conversa com eles. Nos dois primeiros, parecia que havia um propósito e um sentido narrativo na história que estava sendo contada. Aqui, tudo é muito jogado. Ele tenta referenciar diversos filmes e diretores clássicos da época em que o filme se passa (o meio dos anos 80), mas ao se banhar de referências, faltou o principal, que é dar ao filme sua própria identidade. 

O roteiro busca fazer uma espécie de crítica à higienização e o medo com o qual a geração atual lida com o erotismo, tanto em obras audiovisuais quanto fora da tela. Mas a crítica acaba caindo por terra ao entregar um filme sem o tesão e a sexualidade de seus precedentes e quando digo isso, não estou defendendo ou querendo ver cenas de sexo. Estou falando sobre a ambientação e as emoções provocadas (lembrando que Pearl não é nada gráfico, mas entrega um erotismo constante).

Outra crítica pontuada por Ti West se dá no fanatismo religioso que costuma andar lado a lado com um certo grau de hipocrisia. Porém, por mais válida que seja, acaba se perdendo em um texto fraco, com um apanhado de situações jogadas que parecem não se conversar.

Para não focar apenas no aspecto negativo, é justo dizer que o filme apresenta algumas grandes qualidades. Mia Goth já provou ser uma atriz excelente (ou uma estrela) lembre-se de seu monólogo de 8 minutos ao final de Pearl e mais uma vez continua excelente no papel, mesmo com um texto raso e inferior. Além de nossa estrela principal, há presente um elenco muito diverso com vários nomes de peso como coadjuvantes (Elizabeth Debicki, Lily Collins, Halsey e Giancarlo Esposito). Porém, mesmo bons nos papéis, a maioria não tem tanto tempo de tela e não conseguem brilhar ou se destacar muito por culpa do próprio roteiro. 

Contudo, há um coadjuvante que se destaca ante aos outros Kevin Bacon. É hilariante acompanhar seu papel de detetive particular pilantra e seu jogo de gato e rato com a protagonista.

O aspecto técnico a recriação de uma Los Angeles dos anos 80, a forma do filme ser filmado e parecer antigo, com granulados e ruídos na tela está excelente e contribui muito para que os espectadores entrem no clima do filme, equivocadamente denominado como terror. 

Para mim, a história está mais para um suspense/drama com doses homeopáticas de horror.

Ao tentar falar muito e referenciar dezenas de filmes e diretores clássicos, MaXXXine acaba vazio e sem identidade e mesmo com excelentes atuações e uma direção e ambientação competentes, não deixa de ser uma obra fraca e um encerramento abaixo do esperado para a já aclamada trilogia de terror.

Nome Original: MaXXXine
Direção: Ti West
Elenco: Mia Goth, Kevin Bacon, Elizabeth Debicki, Lily Collins, Halsey e Giancarlo Esposito.
Gênero: Terror, Suspense.
Produtora: A24
Distribuidora: Universal Pictures
Ano de Lançamento: 2024
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