Meu Mundial – Para vencer não basta jogar
Baseado no livro escrito pelo ex-jogador uruguaio Daniel Baldi, dirigido ao público infanto-juvenil, a ideia de Meu Mundial é mostrar a realidade presente em países da América Latina, do jovem que busca ascensão social através do futebol. O livro não chegou a ser editado no Brasil, mas foi um grande sucesso no Uruguai, consolidando a carreira de Daniel Baldi que já conta com mais de 15 títulos de sua autoria.
O jogador de relativo sucesso na carreira nos oferece um olhar além daquele do glamour, sucesso e dinheiro geralmente vinculado à figura do jogador de futebol.
Meu Mundial – Para vencer não basta jogar
A coprodução Uruguai, Brasil e Argentina leva às telas um tema identificado com a América Latina: o futebol. Com a direção e roteiro de Carlos Andrés Morelli, o filme aposta num elenco mesclado de atores experientes e alguns com pouca e até nenhuma experiência.
Entre os experientes temos Nestor Guzzini (Tanta Água), Verónica Perrotta (Os golfinhos vão para o Leste, melhor atriz Mostra Latina em Gramado), Jorge Bolani (Whisky), Cesar Trancoso (O banheiro do Papa) e o brasileiro Roney Villela (Meu nome não é Johnny), que contracenam com Fecundo Campelo, que foi escolhido nas peneiras de futebol de clubes uruguaios e Candelaria Rienzi.
O filme participou do 46º Festival de Gramado representando o Uruguai na Mostra de Longas Latinos e teve Nestor Guzzini premiado como melhor ator. Obteve também premiações no Festival Internacional de Guadalajara e ótimas críticas no Festival de Cannes.
A família
Ruben (Nestor Guzzini) e Marcia (Verónica Perrotta), pais de três filhos, moram em uma pequena cidade uruguaia. Ele não tem qualquer qualificação profissional e mesmo tendo dois empregos tem dificuldades para sustentar a família. Marcia é uma dona de casa às voltas com os filhos e às dificuldades econômicas da família. Ruben incentiva o filho no futebol, mas se preocupa com seus estudos.
Tito Torres (Fecundo Campelo), o filho mais velho, é um garoto de 13 anos, com muito talento para o futebol. Assim, ele sonha em ser um grande jogador. Entretanto, ele não tem interesse pela escola, não se relaciona com os outros alunos e tem grandes dificuldades.
Seu universo se restringe ao futebol, seu melhor amigo de treino e sua amiga Florencia (Candelaria Rienzi) com quem quer namorar. Florencia, assim como Tito, gosta muito de futebol e quer aprender. A relação dos dois é bem próxima, afinal, ele a ensina a jogar e ela tenta ajudá-lo nos estudos.
Futebol, dinheiro e problemas
O talento de Tito Torres leva seu time para as finais e chama a atenção do empresário brasileiro Rolando (Roney Villela). Rolando então oferece a Ruben um contrato milionário para levar Tito a um time de Montevidéu, com a promessa de ajudar Tito a continuar seus estudos e deixá-los ricos.
Tito passa então a ser o provedor da família, mas a melhora financeira da família se traduz em problemas de relacionamento. Pois um pai sem autoridade, uma mãe interesseira e um filho despreparado levam a família ao caos.
Saber onde a bola te leva
A proposta do filme é transmitir o ambiente do futebol e a vivência de Daniel Baldi como jogador. Ao abrir mão do estudo e conhecimento, na maioria das vezes, os jovens jogadores encontram uma realidade para a qual não estão preparados. Assim, longe de enaltecer o glamour deste meio, o filme mostra como as pessoas são apenas peças descartáveis de um grande jogo.
Num meio tão distante da educação, a ideia é colocar esta educação como forma de dar instrumentos e conhecimento para o jovem crescer e progredir. A tônica do filme não é o futebol. Passar a ideia do “ser necessário estudar” usando como pano de fundo o futebol é um gancho muito bom.
Meu Mundial – Para vencer não basta jogar entra em cartaz dia 19 de setembro.
Por Jorge Xavier Franco de Castro