Mundo Estranho

Além de uma falecida revista descendente da Super Interessante, “Mundo Estranho” também é o nome da nova animação da Disney, uma aventura com temática de exploração, com tudo que o gênero mais gosta: daddy issues, expedições a terras desconhecidas, problemas de proporções globais e ação despirocada.

O filme também bebe muito da obra de Júlio Verne, com suas máquinas steampunk e seus animais fantásticos.

Comitê de diversidade em Mundo Estranho

A Disney vem se esforçando ultimamente. Totalmente ciente da histórica dominação européia e caucasiana de suas princesas e personagens, ela vêm fazendo de tudo: movendo a história para a América Latina ou Polinésia, dando uma variedade nas tonalidades de pele e fortalecendo etnias e gêneros.

Em várias outras oportunidades, o estúdio até adicionou personagens abertamente gays, apesar de sempre limitar essa presença a cenas curtas e descartáveis, que pudessem ser facilmente cortadas quando o filme precisasse estrear no Qatar ou na China.

Mundo Estranho

Finalmente a empresa abraçou a causa e inseriu um personagem gay com cenas de importância suficiente para se tornar relevante. Provavelmente isso vai causar problemas nos países intolerantes e é muito bom ver uma empresa desse tamanho deixando claro que não vai ser moldada por esse conservadorismo estúpido.

O filme é realmente o mais inclusivo de todo o acervo Disney. É tudo tão inclusivo que até o cachorro é aleijado em Mundo Estranho.

Esforço Limitado

Dito isto, é uma pena que o esforço dos produtores para trabalhar com um elenco tão inclusivo dificilmente será recompensado. Não acredito que o filme virá a ser um sucesso e isso não tem nada a ver com qualquer onda conservadora: o filme é fraco. Falta graça, e em todos os sentidos: falta graciosidade e falta humor.

As histórias de Júlio Verne já foram extremamente referenciadas em diversas obras cinematográficas, às vezes literalmente adaptadas. Não raramente, a adaptação ganha ares de comédia, como no “Viagem ao Centro da Terra” do The Rock ou “Volta ao Mundo em 80 Dias” do Jackie Chan. E há um motivo para isso: aventura é um gênero que combina bem com o humor.

Mundo estranho

Também há o fato do filme ser uma animação: o fantástico deixa o humor mais engraçado e até mais fácil de ser feito. Então não há desculpas para o filme ter menos piadas do que “A Lista de Schindler“. É como se os produtores tivessem a parca ideia de que contratar comediantes para dar um tapa no roteiro iria afetar a importância da diversidade.

Sem comédia, a aventura só respira nos momentos de drama familiar, o que cansa um pouco. Daddy Issues, aquele negócio de pai que não sabe ser pai, é o fio que a história tenta usar para fazer a gente se importar, mas é muito pouco. Há ainda um plot twist bem legal que melhora a aventura, mas não o suficiente para empolgar.

Além de tudo ser mais ou menos medíocre, há pouca ação publicitária em torno do seu lançamento. Espero que a Disney entenda que não é a orientação sexual ou cor de pele dos seus personagens que é responsável pelo sucesso ou fracasso de uma obra. Diversidade é sempre bom, mas não o suficiente para sustentar um filme.

Mundo Estranho

Nome Original: Strange World
Direção: Don Hall
Elenco: Vozes de Jake Gyllenhaal, Jaboukie Young-White, Dennis Quaid, Lucy Liu
Gênero: Animação, Ação, Aventura
Produtora: Walt Disney Animation Studios
Distribuidora: Walt Disney Studios Motion Pictures
Ano de Lançamento: 2022
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