Nas Ondas da Fé
Os quadros e esquetes dessa turminha da pesada que forma a nova geração do humor nacional costumam direcionar suas piadas a alvos que outrora poderiam ser considerados não-convencionais, como a religião. Assim, quando um filme dessa galera aparece com essa temática, tal qual “Nas Ondas da Fé”, é de se esperar que a chacota divina role solta.
Por incrível que pareça, não é o que acontece. A religião e seus fiéis devotos nunca são o alvo direto desta comédia, o que é algo extremamente positivo quando feito de forma certa.
Em nome do pai
Os protagonistas, deliciosamente interpretados por Marcelo Adnet e Letícia Lima, são pessoas boas, que nunca perdem a fé e que não tem essa intenção maléfica de explorar os fiéis, que se espera de uma obra que faça troça das religiões evangélicas.
“Nós tomamos muito cuidado para não debochar da fé alheia“, disse Marcelo Adnet em coletiva de imprensa, destacando que os roteiristas do filme contaram com a consultoria de um pastor para ter a certeza que nenhum absurdo eclesiástico seria cometido. “A intenção deste filme nunca foi fazer inimigos“, reforçou o produtor Augusto Casé.
Nesse aspecto, o filme é um sucesso: os personagens nunca perdem a fé e não fazem nada de errado por mau caratismo. “Quem está errado são os homens“, completa Adnet. Os protagonistas formam um casal adorável, e nos pegamos torcendo por eles. A empatia com o público deu certo e realmente queremos que eles vençam na vida, nem que isso signifique abrir uma nova igreja que vai ficar gritando na sua rua no domingo à noite, atrapalhando seu jantar assistindo “Domingão com Huck”.
Amém – Nas Ondas da Fé
É claro que isso não vai impedir o filme de receber críticas por conta do tema sensível abordado. “Os haters são fiéis, acompanham muito o nosso trabalho“, disse Adnet, completando que o filme nem foi lançado ainda e já recebe críticas de quem não o viu.
As críticas, no fundo, deveriam ser direcionadas ao excesso de cuidado da produção. Parece que a obra se preocupou tanto em não ofender ninguém que se esqueceu que devia ter graça. Sobrou respeito para a religião. Mas para um filme de comédia, faltaram piadas. E isso é um pecado imperdoável.