Primeiro Ano, um filme sobre amizade e vestibular

O tímido Benjamin e o repetente Antoine se conhecem ao longo do primeiro ano do curso de medicina. Enquanto o tempo passa e os desafios acadêmicos surgem, uma forte amizade se desenvolve.

Antoine começa seu primeiro ano de medicina pela terceira vez. Benjamin chega diretamente do ensino médio, mas rapidamente percebe que este ano não será uma jornada tranquila. Em um ambiente altamente competitivo, com muitas aulas e noites difíceis dedicadas a revisões e estudo em vez de festas, os dois alunos terão que trabalhar duro para encontrar o equilíbrio certo entre as dificuldades de hoje e as expectativas do amanhã.

Primeiro Ano é um filme sobre a universidade e sobre a energia dos estudantes em atividade. Com um esquema um tanto complexo e altamente seletivo, talvez o problema na França não seja os jovens médicos, mas sim o sistema que os forma.

Salas sempre lotadas em Primeiro Ano
Salas sempre lotadas

Então o filme é um pretexto para falar sobre o sistema educacional?

De acordo com o diretor Thomas Lilti, Primeiro Ano não é diretamente um filme sobre a prática da medicina. O que interessa aqui é a juventude e o modo como o sistema não faz nada para ajudá-la e dar a ela o suporte necessário. Ele queria assim contar sobre a violência e a provação dessas grandes avaliações que determinam o futuro de um estudante.

Este primeiro ano de medicina é completamente louco. A medicina não é, aqui, um pretexto, mas sim um “contexto”, uma ponte que deve permitir ao público entender rapidamente o propósito dos personagens. Uma maneira de falar sobre essa “hipercompetição” em que nosso tempo nos obriga a viver. Pois acabamos de sair do ensino médio e o sistema de educação superior já nos coloca em competição, nos classifica, nos opõe. Quando começamos a achar isso normal? Esse sistema absurdo realmente funciona? Quando, aos 18 anos, toda a sua vida é uma lista, há algo errado.

Antoine e Benjamin estudam em qualquer lugar
Antoine e Benjamin estudam em qualquer lugar

Os personagens de Primeiro Ano

Então temos Benjamin, que mesmo sendo um novato, um calouro, ele rapidamente se adapta ao padrão e é absorvido pelo sistema. Ele entende as coisas que Antoine em dois anos ainda não conseguiu absorver. Não é que Benjamin seja mais inteligente. Ele apenas entendeu o sistema.

Com pai médico e mãe professora, Benjamin vive num ambiente que vem do sistema educacional. Inconscientemente, ele já tem as ferramentas para ter sucesso nesse ambiente. Assim, era importante entender de onde os dois vieram. A ironia é que Benjamin realmente não sabe por que ele está indo para o curso de medicina. Já Antoine, está disposto a sacrificar tudo para conseguir ser médico.

Mesmo sendo sua terceira tentativa, Antoine não desiste da medicina e vê em Benjamin tanto um apoio quanto um rival. A oposição entre Benjamin e Antoine é a herança cultural, algo ainda mais profundo, quase mais injusto. Mesmo se ele é menos apaixonado do que Antoine, Benjamin sempre será mais valorizado do que ele é pelo sistema de pós-graduação, porque ele foi educado para ‘aprender’.

Em qualquer lugar mesmo
Em qualquer lugar mesmo

Gosta de comédias francesas?

Quem será um médico melhor? Quem sabe como memorizar e trabalhar até o ponto de exaustão ao “engolir” automaticamente as informações? Ou uma questão mais profunda: para quem a medicina é uma paixão? Benjamin, cansado, que sabe memorizar livros, ou Antoine, apaixonado e igualmente inteligente, mas que não se encaixa nos padrões de um curso? Antoine e Benjamin apoiam um ao outro e vivem juntos algo muito forte. Mas a competição destrói tudo.

O relacionamento com os pais é bem mais complicado. Nós sentimos a diferença social entre as duas famílias. As cenas com os pais de Antoine contam a ansiedade das famílias sobre a violência desses anos de competição. Eles são um pouco desamparados, não sabem como ajudar seu filho. Em contraste, há a atitude muito dura e autoritária do pai médico de Benjamin, que vê seu filho como seu sucessor. E então, há essa vizinha que dificilmente fala francês e vive no mesmo nível de Benjamin. Mas pasmem! É um filme sobre a universidade e não tem pegação! Um milagre!

O esgotamento em Primeiro Ano
O esgotamento

A vida não é só estudar, estudar…

Primeiro Ano também é um filme sobre amizade. Ou até mesmo um filme sobre a juventude e aquele momento em que alguém se torna adulto. Todos esses temas interagem com esse questionamento político e uma visão de um sistema que não funciona. Afinal, dá até para se fazer um paralelo com o sistema educacional brasileiro. Além da dificuldade da competição e da pressão, os estudantes devem agora lutar para voltar às salas de aula. Há muitos estudantes, não há vagas suficientes, professores são insuficientes. É um verdadeiro “açougue educacional”.

O filme alterna momentos quase documentais de cenas de exames e palestras com cenas rítmicas de reflexões e discussões. Primeiro Ano é bem naturalista, muito verdadeiro e ao mesmo tempo retrata as tensões dos personagens. Como uma contagem regressiva permanente. Nos faz estar ciente do que é passar por um exame neste enorme espaço vazio e frio. Quem já prestou vestibular ou até mesmo concursos públicos sabe a tensão que é, a multidão ao seu redor, o menor ruído que ressoa, a caneta… um verdadeiro inferno.

Com sua estreia adiada no Brasil para 11 de abril, Primeiro Ano já teve um público de mais de 1 milhão de pessoas na França. Confira o trailer e coloque na agenda:

Primeiro Ano

Nome Original: Première année
Direção: Thomas Lilti
Elenco: Vincent Lacoste, William Lebghil, Michel Lerousseau, Darina Al Joundi
Gênero: Drama
Produtora: 31 Juin Films
Distribuidora: A2 Filmes e Mares Filmes
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