RESGATE IMPLACÁVEL (2024)

David Ayer é um diretor inconsistente. Nunca sei o que esperar tratando-se dele. É responsável pelo horroroso Esquadrão Suicida de 2016 (mesmo alegando que o Estúdio tenha muita responsabilidade pelo seu fracasso e ter sido obrigado a picotar o filme, sendo abertamente vocal ao querer lançar sua versão do diretor — ou AyerCut;  Zack Snyder fazendo escola), e também pelo fraquíssimo Bright (2017) sob a tutela Netflix. Por outro lado, lançou Corações de Ferro (2014), um ótimo filme de guerra protagonizado por Brad Pitt, e o competente Beekeeper: Rede de Vingança (2024), seu primeiro trabalho com Jason Statham.

Em Resgate Implacável (um título abertamente buscando uma alusão à Busca Implacável, já que o nome original do filme é “A Working Man”), temos, além do diretor, uma figura de peso e de igual inconsistência envolvida no projeto; Sylvester Stallone. Os dois foram responsáveis pelo roteiro do filme, adaptando “Levon´s Trade”, um livro de 2014 do escritor e roteirista Chuck Dixon.

A história segue Levon (Jason Statham), um obreiro com passado militar que é posto de volta à ação quando um integrante da máfia russa que trafica humanos sequestra Jenny, a filha de seu chefe. O roteiro é básico, seguindo o clichê do “chamado de volta à ação” ou “do homem violento que deixou essa vida para trás mas precisa voltar a usar suas habilidades para o bem maior”. Mas, pelo menos, funciona. Dos brucutus remanescentes — ou atores de filmes de ação genéricos —, Statham é um dos mais carismáticos e que realmente busca transmitir algo, não só existindo entre sequências de ação. E no auge dos seus 57 anos, ele mostra que ainda tem muita fisicalidade para esbanjar.

Além de toda a caçada por Jenny, temos em paralelo a relação do protagonista com sua filha, cuja guarda está com o avô, que não gosta de Levon. Essa relação é bonita de ver e inclusive é uma das justificativas usadas pelo protagonista por ter tanto ódio dos traficantes de humanos e o fato de terem sequestrado uma mulher. 

Apesar de conter aquele humor “bobo” comum a esse tipo de filme, com o protagonista fazendo piadinhas sendo fodão em momentos que a tensão deveria prevalecer, a ação funciona bem. Não há nada digno de nota; nenhuma direção ou coreografia fora da curva, mas é um arroz com feijão bem feito. 

O filme também conta com uma minúscula participação de David Harbour na pele de um colega militar de Levon (o que é uma pena, pois eu sempre me divirto com o ator e gostaria que sua presença fosse maior).

No fim das contas, assim como Beekeeper, a parceria anterior entre Ayer e Statham, Resgate Implacável é o típico filme de ação que busca apenas entreter e fazer você desligar o cérebro por 2h para assistir algo divertido, o que, tendo em vista a situação atual dos filmes do gênero, já é algo extremamente válido.