Suk Suk – Um Amor em Segredo
Suk Suk se passa na Hong Kong dos dias atuais. O filme acompanha a história de Pak (Tai-Bo), um motorista de táxi de 70 anos, casado e com filhos, e de Hoi (Ben Yuen), um aposentado de 65 anos vindo de uma família cristã, porém divorciado e morando com seu filho, sua nora e sua neta.
O filme gradativamente narra as rotinas dos dois personagens: Pak demonstra felicidade em seu simples dia a dia, porém convive com dificuldades (infelizmente normalizadas pela sociedade em relacionamentos de longa duração: ele é distante de sua própria mulher). Hoi, por sua vez, vive uma vida de poucas eventualidades e sem muitas preocupações.
Hoi e Pak, por acaso, encontram-se nas ruas, conversam e desenvolvem uma poderosa conexão, tanto emocional quanto física. Desse encontro surge um romance secreto. O casal, ao mesmo tempo que sofre com a secretividade de sua interação, demonstra uma melhora intensa em seu humor e disposição.
Suk Suk – Um Amor em Segredo
A narrativa mostra ao mesmo tempo as consequências dessa discreta união em ambos personagens separadamente, algumas positivas e outras negativas. A trama então nos apresenta um grupo de idosos
homossexuais que reivindica do estado a criação de uma instituição de acolhimento a pessoas como eles, que os atenda com dignidade.
Nesse momento, Hoi e Pak se veem diante da possibilidade de participar de uma causa maior que os interessa. Por outro lado, o custo dessa luta teria como consequência a principal questão: tiraria o romance secreto das sombras, expondo os dois às suas famílias.
Homens maduros que dividem uma luta em comum
Ambos se deparam com um impasse: ou lutam para assumir quem são diante do mundo ou se conformam e vivem como pessoas diferentes de quem são, tudo para manter as coisas como estão para a sociedade e suas famílias. Apesar disso, podemos ver que a relação de Pak com sua mulher se modifica por esta experiência: ele passa a olhar para ela com outros olhos e tratá-la com mais gentileza. Hoi, por sua vez, se esconde em uma realidade que é diferente da dele, mas que é fácil para seus entes queridos, que ele valoriza por mais que isso o faça sofrer.
A fotografia do filme é muito sensível e cálida e se mescla brandamente ao assunto do longa, propiciando muitos momentos reflexivos românticos. Também se trata de uma obra bem silenciosa, com trilhas suaves.
O filme fala, em essência, da dificuldade que existe em admitir quem somos, que é uma barreira que sabemos que existe e é mais imponente do que esperamos em outras culturas, e o quanto o conformismo é uma tentação quando o que mais queremos, como seres humanos, é a aceitação. Quanto reprimimos nossas curtas chances de felicidade para poupar os outros de quem somos?