Super Quem?

Eu já tive a oportunidade de destacar em outras críticas o meu descaso com o cinema francês. Os personagens costumam ser detestáveis, o humor costuma ser rasteiro e tudo isso travestido de uma prepotência, como se tudo aquilo fosse muito inovador. Claro, eu insisto nesses filmes, primeiramente porque eu realmente gosto de cinema, mas também porque eu já fui várias vezes surpreendido. Não há, porém, nenhuma surpresa em “Super Quem?”, comédia francesa que finalmente está chegando aos cinemas brasileiros.

O de sempre, s’il vous plait

À primeira vista, o filme parece uma comédia boboca, tentando se sustentar em um roteiro qualquer que faça uma paródia dos filmes de heróis, só para surfar na onda rentável do gênero. Bem, é isso mesmo, nenhuma surpresa.

A paródia é realmente escrachada, o filme até se passa durante as gravações de um filme de herói – e é aí que surge o protagonista, numa história clássica de perda de memória. Não há críticas mais extensas aqui: eu particularmente adoro paródias, principalmente quando bem feitas.

O problema não é a história ser batida: é as piadas o serem. Apesar de constantes e em um bom ritmo, não há sequer uma gag original em todo o filme. É só material reciclado, seja das grandes comédias-pastelão dos anos 1980, seja da própria indústria cinematográfica atual, que já está sacando o saturamento do formato e criando a sátira de si mesma antes que outros o façam (aquele abraço, Deadpool; aquele beijo, She Hulk).

Sorriso amarelo em Super Quem?

Sem um roteiro lá muito original e com piadas recicladas, não há muito que sobra. Há um humor físico bem feitinho, mas nada que salte aos olhos. O ator principal tem um bom timing cômico, mas fica difícil se sustentar só com isso. Muitas vezes o humor vem do constrangimento, mas o filme nunca consegue chegar em um cringe-bacana como The Office consegue – se é que existe um cringe-bacana.

Entre as qualidades, está a que o filme é bem rápido. Ele já é curto, com menos de uma hora e meia (deus abençoe os estúdios que ainda conseguem fazer filmes com menos de 100 minutos), mas também porque depois que engrena ele pega um bom ritmo e passa mais rápido do que um episódio de Andor.

Nada original. Mas eu sempre espero menos do cinema francês.