Superman (2025)
Superman - O Renascimento da Esperança em um Clássico Moderno

Ontem, 10 de julho de 2025, as salas de cinema foram agraciadas com a estreia de Superman, o mais recente trabalho de James Gunn que, com maestria, entrega um Homem de Aço que é ao mesmo tempo clássico e profundamente atualizado. Este filme não só respeita o legado do herói, mas o infunde com uma dose necessária de esperança, integridade e uma humanidade palpável.
Um Superman Para os Nossos Tempos
A escolha de David Corenswet como Clark Kent/Superman prova-se acertadíssima desde sua primeira aparição. Assim como aconteceu com outras escalações memoráveis, como a de Andrew Garfield em O Espetacular Homem-Aranha, percebemos que Corenswet não está apenas interpretando o Homem de Aço, mas se divertindo enquanto vive seu ídolo nas telonas. Seu Clark Kent é desajeitado e doce, enquanto seu Superman é inspirador, cativando o público com uma autenticidade rara.
Ao seu lado, Rachel Brosnahan brilha como Lois Lane. A atriz consegue equilibrar o espírito investigativo da jornalista do Planeta Diário com uma contundência necessária, sem jamais antagonizar o Superman. Pelo contrário, são os questionamentos e as perspectivas de Lois que levam o Homem de Aço a refletir sobre o que realmente o torna humano. Ela, por sua vez, também precisa abaixar a guarda para permitir que o relacionamento floresça e para entender a bondade nas pessoas.
A química entre David e Rachel é inegável. O filme transborda momentos da dupla, mostrando que Lois e Clark são mais do que um casal icônico: são um casal real. Com falhas, discussões, dilemas e diferenças que todo relacionamento enfrenta, suas discordâncias não os afastam, mas os fortalecem. No fim, é o amor entre eles que ancora a história, lembrando-nos que o ser humano é capaz de amar e esperar sempre o melhor do próximo
Um Lex Luthor de Verdade
Nicholas Hoult surpreende como Lex Luthor. Diferente dos vilões das últimas décadas que buscam justificar suas ações ou encontrar redenção, o Luthor de Hoult é narcisista, egocêntrico e cruel. E isso é ótimo! Chega de vilões complexos demais que mais parecem anti-heróis em cima do muro. Lex Luthor odeia o Superman e ponto. Sua inveja de jamais ser melhor do que o Homem de Aço move cada um de seus atos, marcando um bem-vindo retorno ao vilão clássico dos quadrinhos, sem medo de ser simplesmente… mau.
Mais do que apenas atacar fisicamente com monstros e soldados, Luthor atinge o Superman por dentro, minando sua credibilidade, espalhando desinformação e alimentando a desconfiança do público pelas redes sociais. O filme levanta discussões pertinentes sobre manipulação digital e como as massas formam opiniões com base em narrativas falsas. Aqui, Superman não precisa apenas lutar com os punhos, mas com ideias e valores, o que enriquece a trama de forma surpreendente.
Coadjuvantes de Luxo e um Coração Peludo
Mesmo com a presença de outros heróis, Superman nunca perde o foco de sua narrativa principal. Os personagens secundários são bem aproveitados, enriquecendo a trama sem roubar a cena.
O Senhor Incrível de Edi Gathegi é um dos grandes acertos, com sua inteligência e um bom humor quase involuntário que o tornam um alívio cômico sem exageros. Já a Mulher-Gavião de Isabela Merced, talvez o elo mais fraco do trio de novos heróis, tem tempo de tela limitado, mas ainda assim protagoniza momentos marcantes. O Metamorfo de Anthony Carrigan é estranhamente magnético, e o Lanterna Verde de Nathan Fillion é puro entretenimento, com sua arrogância e impulsividade típicas de Guy Gardner, mas que no fundo, se importa com o bem maior.
E entre tantos momentos grandiosos, um dos mais doces vem de um personagem que sequer fala: Krypto, o Supercão. Como todo cachorro, ele é ao mesmo tempo um amor e uma dor de cabeça. Krypto não serve apenas como alívio cômico; ele mostra que o Superman valoriza não só a humanidade, mas toda forma de vida. Ele cuida do companheiro como cuida das pessoas, e Krypto, como melhor amigo do homem, retribui isso da melhor forma possível, seja ajudando Clark em apuros ou simplesmente bagunçando a base do herói para brincar. É um lembrete carinhoso de que o Superman não é apenas força bruta, mas também puro afeto.
E também temos a aparição e o visual da Supergirl, Kara Zor-El, interpretada por Milly Alcock, mais conhecida por A Casa do Dragão. Supergirl tem sua estreia solo nos cinemas marcada para 2026.O longa, sob a direção de Craig Gillespie (conhecido por A Hora do Espanto e A Garota Ideal), trará para as telonas a HQ Mulher do Amanhã. A história em quadrinhos explora uma crise de identidade da personagem, conforme detalhado em sua descrição oficial.
Veredito
James Gunn devolve ao Superman aquilo que o tempo havia tirado: a esperança. Este é um filme que fala sobre acreditar — em si mesmo, no amor, na humanidade. David Corenswet prova que pode vestir o manto com honra. Rachel Brosnahan traz uma Lois determinada e apaixonante. Nicholas Hoult entrega um vilão sem amarras morais, deixando-nos ansiosos pelo que pode provocar no futuro. E o resto do elenco ajuda a moldar um universo promissor sem sufocar o protagonista.
Superman é épico sem perder o coração. Bobo e colorido em diversos momentos, mas sem parecer ingênuo. Inspirador sem soar maçante. E principalmente: é um filme que nos faz olhar para cima e sonhar novamente.
Nota: 9,0