Ricos de Amor, nacional na Netflix
Sustentado pelo carisma do elenco, trama tenta falar sobre privilégios e talento
Dirigido por Bruno Garotti (do recente sucesso “Cinderela Pop”), o longa Ricos de Amor conta a história de um garoto rico que se apaixona por uma universitária comum, levando o rapaz em uma jornada de autoconhecimento quando ele finge ter origens humildes. Filho do dono de uma grande empresa de tomates, Teto troca de identidade com o filho do caseiro, Igor, no programa aprendiz da fábrica. Assim, entra em um jogo de privilégios contra talento, ao mesmo tempo que tenta conquistar Paula.
Reutilizando a premissa de “O Príncipe e o Mendigo”, Garotti, junto de Sylvio Gonçalves no roteiro, segue por caminhos ousados repletos de boas intenções, que além do tema proposto, ainda lida com assédio e preconceito social, nem sempre acertando no discurso e muitas vezes se perdendo, entregando um desfecho que, apesar de bonitinho e otimista, é incongruente com a jornada de seus personagens e um tanto quanto questionável.
Mesmo assim a produção não perde seu charme e, entre seus trunfos, vale ressaltar que só o fato de não trazer os maneirismos de uma novela global, já é mais do que um grande mérito. Alok embala a trilha sonora, mas nem sempre acerta, pois valoriza demais batidas eletrônicas estrangeiras; são raras as ocasiões em que uma música nacional é tocada, como na Festa do Tomate, no lual na praia e no baile funk.
Ricos de Amor
O elenco, afinal, é o principal elemento de Ricos de Amor e que faz valer a sessão por aqui. Danilo Mesquita e Giovanna Lancellotti têm química de sobra e são ótimos atores. Eles transmitem uma naturalidade em suas interpretações que sempre nos convence de seus papéis (e nos fazem gostar de seus personagens, principalmente no caso dele).
Enquanto Mesquita precisa “atuar” ao se fazer de menino pobre (convencendo tanto como playboy despreocupado, como garoto humilde, dado o nível de seu talento), Lancellotti segue acima da média e se porta como alguém que conhecemos por aí, sem se prender a qualquer estereótipo, ainda que o enredo esteja cheio de clichês.
O restante do elenco
Jaffar Bambirra, Lellê e Bruna Griphao, ainda que com menos espaço, conseguem atingir o mesmo sentido de identificação com pessoas reconhecíveis pelo grande público, em papéis de forte empatia. Já Fernanda Paes Leme e o grande Marcos Oliveira se encaixam mais dentro de um padrão cômico e pastelão, fundamental para algumas passagens da história, que realmente rendem boas risadas.
Mesmo com a fragilidade de suas intenções e um discurso trôpego, Ricos de Amor se vale pelas figuras em tela, pelas brasilidades que valorizam cenários impressionantes captados pelo diretor (tanto do Rio quanto do interior do Estado carioca e suas particularidades), e uma história de amor leve, divertida e bem intencionada.