A Maldição da Casa Winchester – Biografia de terror
Livremente inspirado em fatos reais
Sarah Winchester (Helen Mirren) é a herdeira da famosa marca de rifles. Depois que sua filha e seu marido morrem em momentos trágicos, Sarah passa a acreditar que sua família está amaldiçoada pelas almas dos que morreram vítimas das armas Winchester e, por isso, decide construir uma mansão isolada, onde possa aprisionar as assombrações.
Outras acionistas da empresa, no entanto, acreditam que Sarah está maluca e contratam o psiquiatra Eric Price (Jason Clarke) para avaliar a mulher. Quando Price chega à casa, ele também começa a notar que tem coisas estranhas acontecendo. Fatos reais inspiraram a trama de A Maldição da Casa Winchester.
A história real de A Maldição da Casa Winchester
Sarah Winchester de fato existiu, ela era a viúva de William Wirt Winchester, filho do fundador da companhia que fabricava as armas. Assim, boa parte da história do filme tem alguma base na realidade. A filha de Sarah e William, Anne, morreu ainda criança, no mesmo ano da criação da primeira arma Winchester. Já William faleceu quinze anos depois, de tuberculose.
Sarah, então, se mudou para uma mansão na Califórnia que estava constantemente passando por reformas, ela mesma criava os projetos. A mansão levou 38 anos ininterruptos para ser construída e tem uma quantidade um tanto surreal de cômodos, como 161 quartos, dois porões e três elevadores.
O imóvel se tornou uma atração turística depois que Sarah morreu. Isso porque a casa é muito maluca, tem corredores e escadas que dão em lugar nenhum. Muitas pessoas acreditavam que Sarah prendia espíritos na casa e é a partir daí que o filme tira o seu mote.
O filme
Na trama, acompanhamos o psiquiatra Eric Price, contratado para diagnosticar Sarah. Price é um homem cético, que acredita na ciência e, embora saiba de antemão que sua nova paciente crê nos espíritos, acha que logo irá demovê-la dessa ideia. Quando Price chega na casa, no entanto, ele tem que dançar no ritmo de Sarah.
As sessões são intricadas e a proprietária só responde o que deseja responder, fazendo com que o diagnóstico de Price não seja muito claro. Como já é clássico em filmes do gênero, logo Price começa a sentir que realmente tem alguma coisa estranha acontecendo na casa. Suas suspeitas se confirmam quando ele vê Henry (Finn Scicluna-O’Prey), o sobrinho neto de Sarah, em um aparente transe possuído.
O longa então, não é completamente pautado na realidade. A ideia é pegar uma história real que tem aspectos sinistros e transformar em uma trama de terror. A casa real de Sarah, por outro lado, não é considerada uma casa mal-assombrada e atrai turistas pelo seu passado misterioso e por sua arquitetura curiosa.
Terror
A Maldição da Casa Winchester não foge muito dos clichês dos filmes de terror. Ou seja, apresenta um personagem cético que é colocado de frente a uma situação que o obriga a encarar suas crenças. O filme então, coloca a ciência na pele de Price, contra a fé na pele de Sarah. Mas, se tratando de um filme de terror, fica meio óbvio desde o começo, quem vai ganhar essa batalha.
Para além disso, o longa tem algumas assombrações e cenas de possessão, mas nada é muito assustador e nem os jump scares fazem o público entrar na trama. A Maldição da Casa Winchester não traz muitas inovações ao tema. Sendo assim, qualquer pessoa que assista filmes do gênero com frequência vai entender tudo que está acontecendo bem antes do que deveria.
É certo que o filme até tenta ser mais profundo quando coloca um pouco da biografia de Sarah Winchester na trama e quando tenta argumentar contra armas. As assombrações na casa de Sarah só existem porque as armas de sua família foram criadas e, em determinado momento, ela até diz que a arma não tem qualquer utilidade além de matar, mas a metáfora é meio óbvia e não é bem explorada. O filme até parte de uma boa ideia, mas não traz nada de novo e, por isso, cai no lugar comum.
Aspectos técnicos de A Maldição da Casa Winchester
O filme conta com uma boa produção. A casa de Sarah é reconstruída de maneira realista e a audiência pode ter alguma ideia de como é o seu interior. O mesmo pode ser dito sobre os figurinos, as roupas são muito realistas e fiéis ao período em que o filme se passa. Sarah, por exemplo, está o tempo todo de preto, coberta por um véu, o que deixa sua figura bem assustadora. Muitas vezes, mais assustadora do que as assombrações que eventualmente aparecem.
As assombrações, por outro lado, não assustam, o que é um grande problema em um filme de terror. Além disso, o longa, que começa bem, vai se tornando um pouco parado com o tempo. O grande trunfo aqui é Helen Mirren, que além de estar muito bem caracterizada e, por isso mesmo, bem parecida com Sarah Winchester, também se sai muito bem na sua atuação.
A Maldição da Casa Winchester parte de uma história curiosa e com potencial e traz uma mensagem interessante, que poderia ser muito bem trabalhada em um filme de terror, mas entrega um filme clichê e que não assusta.