Mortal Kombat (2021) – desperdício de tempo

Essa nova adaptação do jogo de luta acaba servindo mais como uma espécie de introdução insossa, sem realmente cumprir as várias expectativas que se esperava de uma versão revitalizada para live-action, quase como se o filme pedisse desculpas por levar o game para as telas. De Mortal Kombat mesmo, enquanto torneio, nada, fica para a próxima.

Com todos os grandes momentos acontecendo na Terra e com a imposição (por parte de um produtor, é claro, pra variar) de colocar um novo personagem no elenco, restou ao bem intencionado Simon McQuoid investir toda sua paixão pela franquia nas ótimas sequências de porradaria e cenas fanservice.

Nesse quesito não há do que se reclamar. Cada luta e Fatality são muito bem coreografados e brutais, algo que o +18 ali permitiu tranquilamente. Mas, mesmo assim, parece faltar alma à obra, que carece do mínimo de valor de entretenimento (e de uma trilha sonora decente).

Mortal Kombat
Mortal Kombat (2021)

Mortal Kombat (2021)

O filme de 1995, de longe a melhor adaptação de um game para o cinema, continua sendo a versão superior de Mortal Kombat fora dos jogos e isso não se deve unicamente à memória afetiva. Ali, como aqui, havia paixão na direção, mas também um senso de ridículo, de abraçar o absurdo da fantasia dark e urbana que MK sempre foi, com personagens carismáticos e muito bom humor, além de lutas incríveis.

O longa de 2021 até tem atores engajados, como Jessica McNamee, que faz uma Sonya Blade bem safa, ou Josh Lawson, que deita e rola em sua visão escrachada e verborrágica de Kano. Tadanobu Asano até passa respeito como Raiden, mas é antipático demais.

Chin Han é um bom ator, mas seu Shang Tsung não tem metade do carisma de Cary-Hiroyuki Tagawa e poxa, as comparações são inevitáveis. Dentre todos os esforços do elenco, Ludi Lin é o mais discrepante na minha opinião. É como se o ator de 33 anos tivesse rejuvenescido vinte para fazer o papel, deixando Liu Kang com cara de criança e gerando um estranhamento enorme.

Mortal Kombat

Vários problemas

Todo o arco do protagonista Cole Young de Lewis Tan é efetivo e evoca muito o cinemão B de artes marciais dos anos 1980 e 1990, mas não parece encaixar nunca nesse filme. A maneira como Goro e Kung Lao são tratados aqui chega a ser quase um desrespeito, enquanto Sub-Zero e Scorpion ganham bons momentos, principalmente no início, mas mesmo essa subtrama não dá substância o suficiente para a história, que ainda conta com curiosas inserções dos “arkanas” — que são poderes que os kombatentes desenvolvem, além da marca do dragão, que só alguns poucos “escolhidos” recebem, senão a pessoa tem que conseguir o seu matando o outro. Não são ideias ruins, mas será que necessárias para uma franquia já tão bem estabelecida?

Independentemente da apatia dessa produção, ela consegue até divertir aqui e ali, servindo de introdução para McQuoid realizar uma inevitável sequência (já que o filme deu excelentes resultados no HBO Max), na qual torcemos para que seja de fato um kombat à altura. Cafona e fantasioso, sim, mas com um pouco mais de alma, por favor.

Nome Original: Mortal Kombat
Direção: Simon McQuoid
Elenco: Lewis Tan, Jessica McNamee, Josh Lawson, Joe Taslim
Gênero: Ação, Aventura, Fantasia
Produtora: New Line Cinema
Distribuidora: Universal Pictures
Ano de Lançamento: 2021
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