Fargo: Uma Comédia de Erros (o filme de 1996)
É fascinante como os irmãos Coen conseguem pegar uma premissa batida (crimes ocorrendo em uma pequena cidade) e a convertem para um trabalho singular, marcante e extremamente divertido, mesmo em meio a um banho de sangue (que nem é tanto assim) em Fargo: Uma Comédia de Erros.
O excesso de cinismo faz parte do charme dessa produção, que acerta em todos os tons, do humor negro voluntário ao sarcasmo absurdista (que Tarantino se inspiraria fortemente também), completado por um elenco inspirado e engraçadíssimo, da sempre grandiosa Frances McDormand (que junto da curta participação de John Carroll Lynch, faz um casal de caipiras, que evidencia muito bem o quão simplório, gentis e espertos são), Steve Buscemi (o típico bandido falastrão e histérico) e William H. Macy (o causador de problemas, mentiroso nato e figura extremamente constrangedora e incômoda) — neste, que deve ser o maior papel de sua carreira (que lista uma vasta participação como coadjuvante de luxo).
Não à toa, esse filme tão imprevisível, cômico e doido à sua maneira, tenha servido de inspiração para uma das maiores antologias da TV: a série de mesmo nome, criada por Noah Hawley, que não esconde a forte influência do longa original, principalmente nas três primeiras temporadas. Quando uma obra-prima gera outra, quem ganha sempre é o público.