O Inimaginável
Numa Suécia fictícia, acompanhamos (ou tentamos acompanhar) a jornada de Alexander, um jovem que tem um relacionamento conturbado com seu pai Bjorn e sentimentos não confessos por sua amiga de infância Anna; os três são moradores de Vanga, uma cidade provinciana que enfrenta estranhos e inexplicáveis acontecimentos apocalípticos.
A narrativa tem muita dificuldade em estabelecer premissas e introduzir personagens, apesar de suas quase duas horas de duração. A princípio, parece se tratar de um drama familiar quando vemos Alexander fugindo de casa após conflitos com seu pai bruto e verbalmente abusivo, se refugiando em uma igreja e se apaixonando por um piano.
Porém, subitamente, saltamos para um thriller em um futuro em que um Alexander adulto já está estabelecido como um músico de sucesso e evitando contato com seus familiares. Bjorn é mostrado em tal futuro como um engenheiro elétrico solitário e maníaco por conspirações bélico-militares que não é levado a sério. Anna, por sua vez, deixou de perseguir seus sonhos para permanecer em Vanga.
O Inimaginável
Então, começa uma porção de acontecimentos sem explicação clara, como um ataque ao parlamento sueco, carros descontrolados atropelando pedestres, quedas de helicópteros e a introdução de outros personagens de maneira abrupta e incompreensível. Ficamos sabendo de detalhes sobre a vida de Anna que incomodam Alexander, e em seguida os vemos fugindo de ataques de soldados armados, se refugiando em uma espécie de bunker, onde encontram Bjorn e tentam encontrar significado no que está acontecendo.
Eventualmente, descobre-se que quem quer que esteja atacando o país o faz através de uma “arma” que transforma a chuva num agente químico capaz de apagar a memória de quem atinge, uma espécie de causador instantâneo da doença de Alzheimer.
A mensagem de O Inimaginável então, parece ser “não perca oportunidades de dizer como você se sente, pois você nunca sabe quando uma guerra pode te impedir de fazê-lo”. É um tema recorrente na cruzada pessoal de muitos personagens, que mantém muitos silêncios e distâncias afetivas, quando tudo o que querem é estar perto uns dos outros.
Infelizmente, é através de muito esforço que tais significações podem ser “minerados” da narrativa confusa, que não demonstra preocupação em mostrar a importância de cada personagem em um ritmo adequado.
O Inimaginável acaba sendo uma sequência atrapalhada de cenas onde faltam oportunidades para que os espectadores possam se afeiçoar aos personagens e assim sentir a dramaticidade de seus destinos. Para um filme que fala sobre a importância da clareza em se comunicar, é irônico que ele faça um trabalho tão malfeito em comunicar o que deseja; e para um filme sobre memória, é irônico que deixe uma memória tão confusa em sua plateia.