O Homem que Vendeu sua Pele
O Homem que Vendeu sua Pele é o filme que conta a história de Sam Ali (Yahya Mahayni), um jovem sírio sensível e impulsivo que troca seu país pelo Líbano para escapar da guerra. Para poder viajar para a Europa e viver com o amor de sua vida, Abeer (Dea Liane), ele aceita ter suas costas tatuadas por um dos artistas contemporâneos mais cultuados do mundo, Jeffrey Godefroi (Koen De Bouw), transformando seu próprio corpo em uma obra de arte de prestígio. Sam, entretanto, perceberá que sua decisão pode significar qualquer coisa, menos liberdade.
A ideia do filme começou a germinar na cabeça da diretora Kaouther Ben Hania em 2012, quando ela visitou uma retrospectiva dedicada ao artista belga Wim Delvoye, no museu do Louvre em Paris. “Lá eu vi a obra em que o artista tatuou as costas de Tim Steiner, um homem sentado em uma cadeira, sem camisa, exibindo o design de Delvoye. A partir desse momento, esta imagem singular e transgressora não me deixou.”.
Pouco a pouco, outros elementos da experiência de vida da diretora acrescentaram situações e enriqueceram essa imagem. “Uma vez que todos esses elementos vieram juntos, a história parecia pronta e me compeliu a escrevê-la. Um dia em 2014, quando eu estava prestes a editar a enésima versão do roteiro do meu filme anterior, “Beauty e os Cães”, descobri-me escrevendo sem parar durante cinco dias a história desse filme ”, conta a diretora.
O Homem que Vendeu sua Pele
O longa retrata dois lados opostos do mundo, o mundo das artes e o mundo dos refugiados. Certamente, um deles é elitista, onde liberdade é a palavra-chave. Já do outro lado, o que temos é um mundo de sobrevivência impactado por acontecimentos atuais em que a falta de escolha é a preocupação diária dessas pessoas. E é justamente no contraste entre esses dois mundos que o filme acontece e faz uma reflexão sobre privilegiados e condenados.
Sam Ali concorda em vender suas costas para o “diabo” porque não tem escolha e, assim, ele entra na esfera elitista e hiper-codificada da arte contemporânea por uma porta improvável. Seu olhar, aparentemente ingênuo, apresenta este mundo ao espectador de um ângulo diferente do que o normalmente mostrado pelo estabelecimento cultural.
Sam é um homem um tanto orgulhoso, porém honesto. Em alguns momentos ele tem um comportamento até mesmo infantil, mas é fácil simpatizar com ele. O fato de se tornar um objeto exposto, vendido, empurrado de um lado para o outro, começa a incomodá-lo até que ele decide confrontar esse universo na tentativa de recuperar sua dignidade e sua liberdade.
Prêmios
O Homem Que Vendeu Sua Pele foi indicado ao Oscar 2021 de Melhor Filme Internacional e teve uma ótima recepção no Festival de Veneza em 2020, onde foi exibido na Seleção Oficial e Yahya Mahayni saiu premiado como Melhor Ator.
Também levou o prêmio de melhor filme árabe no El Gouna Film Festival 2020, a diretora ganhou o prêmio Andreas no Festival Internacional de Filmes da Noruega, além do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Estocolmo.
O Homem Que Vendeu Sua Pele é um filme muito fácil de se assistir, com uma premissa bem interessante e uma trama que prende o público. As atuações, porém, eu diria que são um tanto caricatas, o que me lembrou bastante o jeito como são retratados os mocinhos e os vilões nas animações. Entretanto, isso não estraga o filme.
Vale destacar que a inspiração para o roteiro pode ser encontrada no site divertido e diferente do artista mencionado acima, porém a história também é polêmica, pois além de tatuar uma pessoa que deve posar em galerias por um contrato, o homem também tatuou porcos, animais que não podem se defender da força humana. Ai, ai, o que é arte, afinal?