Jack, O Estripador: A História Não Contada

Um assassino ficcional

Depois do assassinato de uma prostituta nas ruas de Whitechapel, o inspetor Rees (Phil Molloy) rapidamente começa a investigar o caso. Ele conta com a ajuda de Locque (Jonathan Hansler), o legista, que consegue determinar com mais detalhes o que aconteceu.

A contagem de corpos começa a aumentar, enquanto todos passam a parecer culpados.

Jack, O Estripador: A História Não Contada é inspirado em um caso real.

O filme se inspira em um caso real - A História Não Contada
O filme se inspira em um caso real

O caso real

Jack, O Estripador é, possivelmente, o serial killer mais famoso do mundo, e isso acontece porque, primeiro seus crimes eram muito violentos e, segundo, a polícia nunca bateu o martelo sobre a sua identidade, embora sempre apareça alguém dizendo que finalmente desvendou o crime.

Existem cinco vítimas canônicas de Jack, O Estripador – Mary Ann Nichols, Annie Chapman, Elizabeth Stride, Catherine Eddowes e Mary Jane Kelly –  mas algumas pessoas também apontam uma série de outros crimes parecidos que aconteceram na mesma época e em regiões próximas que poderiam ser da autoria do mesmo assassino, mas que nunca foram de fato provadas.

O assassino matava prostitutas e, eventualmente, removia alguns órgãos internos de suas vítimas, o que fez a polícia desconfiar que ele tinha algum tipo de conhecimento de anatomia e poderia ser ou um médico ou um açougueiro, as duas únicas profissões onde se poderia andar por Londres com as roupas sujas de sangue sem chamar atenção.

O nome Jack, O Estripador veio de uma carta, supostamente escrita pelo assassino, enviada para a polícia, e foi reiterado em outra carta cujo remetente dizia vir “do inferno” e onde a pessoa mandou metade de um rim humano, que os investigadores acreditavam pertencer a uma das vítimas.

Existe pouca realidade no longa A História Não Contada
Existe pouca realidade no longa

Os crimes de Jack, O Estripador aconteceram em entre 31 de agosto e 9 de novembro de 1888, e a polícia não tinha muita técnica para desvendar os crimes na época. Pouco material restou para que a investigação fosse refeita nos dias de hoje, selando para sempre a fama de Jack, O Estripador como um serial killer que driblou a polícia londrina, mesmo que, muito provavelmente, ele só tenha escapado por uma combinação de falta de tecnologia e sorte.

A trama

Jack, O Estripador: A História Não Contada usa da história do Estripador para apresentar sua trama. Aqui, acompanhamos a Londres dos anos 1800, onde uma prostituta aparece assassinada de maneira brutal, no meio de Whitechapel, e o caso rapidamente cai na mão do inspetor Rees, que acredita que o crime é só resultado de um programa que não foi pago.

Locque, o legista, no entanto, chega à conclusão de que os cortes, violentos e precisos, não foram feitos por um cliente que só não queria pagar, mas sim por alguém com raiva e a sua intuição é comprovada quando um segundo corpo mutilado aparece.

Jack, O Estripador: A História Não Contada parece querer usar os crimes como plano de fundo
Jack, O Estripador: A História Não Contada parece querer usar os crimes como plano de fundo

Rees, por outro lado, está completamente perdido e começa a investigar bordéis e casas de tolerância de Londres, acreditando que o assassino sente alguma espécie de ódio por prostitutas. Ao mesmo tempo, Locque começa a ter alucinações e lembranças de já ter conhecido as mulheres que aparecem mortas.

Realidade x ficção

É óbvio que o filme é uma ficção, mas que supostamente se baseia em eventos reais, pelo menos é isso que ele vende. Mas não é isso o que acontece.

É certo que existem muitos mistérios no caso do Estripador, mas também existem fatos comprovadamente reais e Jack, O Estripador: A História Não Contada ignora boa parte deles. O filme só acompanha a morte de quatro mulheres, mesmo que boa parte dos especialistas no assunto acredite que o Estripador matou pelo menos cinco mulheres, os assassinatos também não são retratados da forma que aconteceram e a primeira carta onde alguém usa o pseudônimo “Jack, O Estripador” no filme é escrita pelo jornalista Stubb (Chris Bell).

Uma das vítimas de Jack, O Estripador
Uma das vítimas de Jack, O Estripador

Não existe nenhum problema em colocar um pouco de ficção em tramas que se inspiram em crimes reais, especialmente se esses crimes nunca foram desvendados e, portanto, não tem uma conclusão “satisfatória”, isso acontece por exemplo, no romance Dália Negra, de James Ellroy, que imagina uma resolução para o caso de Elizabeth Short, embora o crime nunca tenha sido desvendado na vida real. A graphic novel Do Inferno, de Alan Moore, também usa do caso real do Estripador para sua trama, que é em maior ou menor medida, ficcional, mas pelo menos ela se escora em informações reais e fatos que foram comprovados.

A grande questão deste filme é que o longa simplesmente ignora uma série de questões que de fato aconteceram e que acabam soando mentirosas para quem sabe um pouco mais sobre o caso e poderia se interessar pelo filme. Assim, desinforma quem não sabe nada sobre o assunto, o que é especialmente problemático para um filme que diz contar “a história não contada” de Jack, O Estripador.

Aspectos técnicos de Jack, O Estripador: A História Não Contada

O filme parte de um crime real, mas não usa muito dele para a sua história. O roteiro é simples e até meio bobo, provando que o roteirista fez pouca pesquisa sobre o caso antes de escrever. É quase como se o longa quisesse usar a história do Estripador como plano de fundo para contar a vida de Locque, mas ele não soubesse muito bem distribuir o tempo de tela de cada assunto.

O roteiro é fraco - A História Não Contada
O roteiro é fraco

Existe também uma tentativa de contextualizar o filme nos anos 1800, que funciona, mas não é perfeita. Os figurinos, por exemplo, não chamam atenção, mas são o suficiente para colocar o telespectador dentro daquele contexto. Isso por si só não é um problema tão grande, já que se o roteiro fosse interessante, essa questão talvez pudesse ser relevada, mas como o roteiro é ruim, esses detalhes chamam a atenção também.

As atuações também não ajudam. Embora tenha atuações medianas, que não saltam aos olhos nem para o bem e nem para o mal, como a de Phil Molloy e Chris Bell, ele também tem algumas bem precárias, onde os atores como Sylvia Robson parecem estar lendo o texto.

Jack, O Estripador: A História Não Contada certamente não é um filme que reflita a realidade ou que apresente muitas informações sobre o caso e até poderia ser uma boa ficção se não apresentasse uma trama fraca e até meio sem sentido. O filme está disponível para compra e aluguel nas plataformas NOW, Looke, Vivo Play, Google Play, Microsoft e iTunes.

Jack, O Estripador: A História Não Contada

Nome Original: Ripper Untold
Direção: Steve Lawson
Elenco: Jonathan Hansler, Phil Molloy, Chris Bell, Sylvia Robson, Jacob Anderton
Gênero: Terror
Produtora: Creativ Studios
Distribuidora: A2 Filmes
Ano de Lançamento: 2021
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