A Ronda – O amor em várias formas
Uma série de histórias de amor se cruzam na Viena de 1900. Um soldado (Serge Reggiani) mantém relações com uma prostituta (Simone Signoret) e depois sai com uma criada (Simone Simon) que conhece em um baile.
Ela, por sua vez, é seduzida pelo filho (Daniel Gélin) de seu patrão, que mantém um caso com uma mulher (Danielle Darrieux) casada. O marido (Fernand Gravey) dela leva uma vendedora (Odette Joyeux) para jantar e a deixa bêbada, e ela, mais tarde, se apaixona por um poeta (Jean-Louis Barrault) que quer conquistar uma atriz (Isa Miranda). A atriz convida um conde (Gérard Philipe) para visitar seu quarto, e ele acaba nos braços da prostituta.
O mestre de cerimônias
A Ronda é um filme que acompanha várias histórias que são apresentadas por um mestre de cerimônias (Anton Walbrook), que dentro de um carrossel explica com uma canção parte do que veremos pela frente.
Assim, A Ronda se estabelece como um filme que pretende mostrar pequenas esquetes, mesmo que elas estejam conectadas de alguma maneira, o que abre caminho para que o telespectador possa gostar de um segmento, mas não necessariamente de outro.
A presença do mestre de cerimônias também dá às cenas de A Ronda um ar burlesco, comum em performances de cabaré, que também apresentam esquetes.
As histórias se conectarem é um ponto a mais, já que é possível assistir a essas cenas separadas e compreendê-las, embora elas se tornem mais interessantes quando assistidas juntas.
As histórias
A Ronda então apresenta em torno de dez histórias de amor que abordam o sentimento de formas variadas e não necessariamente nobres. Se, por exemplo, a relação do jovem patrão com a mulher casada parece genuína, o fato dele seduzir uma criada soa mais como uma aventura para ele, o marido da mulher casada, então, embebeda uma jovem com intenções de se aproveitar dela.
A impressão que se tem é que cada história contradiz a anterior e, automaticamente, adiciona mais um elemento a essa trama. Então, a jovem vendedora se apaixona pelo poeta que está interessado na atriz, que na realidade, está interessada no conde e assim por diante.
Além da ideia ser bem instigante e do filme conseguir se completar de uma maneira bem-feita, essas histórias também apresentam diferentes lados de cada personagem e como eles reagem diferentemente quando se relacionam com pessoas diferentes, já que o mesmo personagem pode fazer coisas completamente opostas de uma esquete para a outra.
Aspectos técnicos de A Ronda
O filme tem um roteiro bem diferente, que pode se tornar repetitivo, mas que como apresenta histórias diversas, foge desse estigma. É quase como se o telespectador acompanhasse uma série de curtas, ligados apenas pela apresentação do mestre de cerimônias, mas que ao final, se relacionam.
As tramas apresentadas são bem bobinhas, e mesmo que tratem de assuntos um pouco mais sérios, isso é sempre velado. As relações sexuais, por exemplo, são insinuadas, mas nunca mostradas, mas o filme funciona à sua maneira, ainda mais quando lembramos a época em que ele foi produzido.
Um grande diferencial é a apresentação do mestre de cerimônias, que aparece sempre em um carrossel e conta a história através de uma música, que tem sempre a mesma melodia, mas uma letra diferente. Esse elemento dá um ar burlesco ao filme e o aproxima do gênero musical, embora não exista nenhuma performance muito grandiosa no longa.
As tramas são rápidas e incisivas, por isso, as atuações, embora boas e dentro do que o filme pede, não se destacam tanto assim. Anton Walbrook, o mestre de cerimônias, aparece com mais frequência e, por isso, chama mais atenção, entregando uma atuação divertida.
A Ronda é um filme que tem ares de bonitinho e romântico, mas que apresenta uma série de histórias que tratam de assuntos sérios e até pesados, mas com um tom leve. O filme está disponível no Belas Artes À La Carte desde o dia 21 de outubro.