Turma da Mônica: Lições
São mais de 60 anos que a Maurício de Sousa Produções tá aí, criando um número tão grande de personagens que fariam a Marvel virar pro cara e falar “pega leve aí, meu amigo”. A comparação com a gigante da indústria de quadrinhos americana é puxada, mas não absurda, afinal o sucesso incrível que a Turma da Mônica faz no Brasil não fica muito atrás dos grandes heróis do cinema. Isso porque, ao contrário de Homem de Ferro e Thor, os personagens de Turma da Mônica ultrapassam barreiras culturais e de idade, sendo figurinhas conhecidas até por nossos avós.
A tão esperada adaptação cinematográfica demorou mas veio com tudo: Turma da Mônica Laços estreou em 2019 e agradou o público em geral. Mesmo tendo uma pegada mais infantil, a nostalgia gritou alto nas salas de cinema e as críticas foram muito positivas. Com o sucesso, uma continuação era muito antecipada e valeu a espera.
Lessons
Os irmãos Vitor e Lu Caffagi fizeram três HQs com a turminha: Laços, Lições e Lembranças. Como era natural, o segundo filme é baseado na segunda HQ. Na história, Monica, Maggy, Smudge e Jimmy Five estão de volta e têm que encarar as consequências de uma tentativa toda atrapalhada de cabular aula. E fugir da escola no filme não é tão fácil quanto na realidade de hoje em dia, onde basta fingir que sua internet está com problemas.
Se “Laços” era uma aventura infantil, “Lições” é uma comédia dramática. A carga emocional que preenche cada cena do filme é muito maior. Os personagens estão mais maduros e os problemas que eles enfrentam são mais sérios e próximos. Os atores estão mais perfeitos ainda em seus papéis e a direção muito competente de Daniel Rezende é soberba. O resultado é uma coisa meio Pixar, em uma obra que é voltada para as crianças mas que emociona mesmo os adultos.
O filme recria novamente o Bairro do Limoeiro na cidade de Poços de Caldas. A produção é ainda maior e mais bonita. Chegaram a usar 400 crianças figurantes. O filme é acolhedor e os cenários parecem ter saído das revistinhas. Além da chuva de fan-service: com tanto personagem e tanta edição de gibi produzida, a produção é cheia de detalhes escondidos para os fãs brincarem de caçar referência.
Turminha da vida real
Em coletiva de imprensa após a sessão, os quatro atores principais mostraram que a dinâmica de amizade deles quebra as barreiras da tela. Eles se divertiram muito respondendo às perguntas dos repórteres e mesmo nas interações entre eles. Kevin Vechiatto, que interpreta o Cebolinha, até usou um momento de distração da atriz Giulia Benite, que interpreta a Mônica, para tentar roubar um Sansão que estava em cima da mesa dela.
“Ninguém mais me chama de Kevin, todo mundo me chama de Cebolinha”, disse ele, respondendo uma pergunta sobre como eles lidam com a fama. “Eu também atormento muito a Giulia e ela me bate direto”, completou, com risos.
“A única diferença minha para o Cascão é que eu tomo banho”, disse Gabriel Moreira. A atriz Laura Rauseo também mostrou uma característica incrível que ela compartilha com sua personagem: “Eu também como muito e não consigo engordar. E até meus professores me chamam de Magali!”
Com um elenco tão perfeito e dois filmes tão bons, é lógico que os repórteres presentes estavam ansiosos para receber notícias das próximas aventuras da trupe. Com mais uma HQ dos irmãos Caffagi disponível e com as crianças crescendo, o que todo mundo queria ouvir era uma confirmação do “Turma da Mônica Lembranças“, mas o diretor Daniel Rezende fez questão de desviar do assunto: “A gente segurou este filme por um ano por conta da pandemia, porque ele era para ter sido lançado em dezembro de 2020. É claro que a gente tem muita ideia e quer fazer muita coisa, mas a gente depende de uma boa bilheteria e uma boa recepção do público para dar os próximos passos”.
Caixas de Kleenex para assistir Turma da Mônica: Lições
Se depender da receptividade do filme como foi na cabine de imprensa, ainda vai ter muito trabalho para o Daniel Rezende nesse universo. As lágrimas rolaram soltas em algumas cenas e o resultado foi realmente emocionante.
“Turma da Mônica: Lições” é um filme próximo da perfeição. Há uma certa barriga no meio do filme com o grupo de Tina e Rolo, que não conseguiram encaixar muito na história, mas que dá até para relevar por conta da caracterização fiel aos quadrinhos. O humor é bobinho, mas agradável. Mas o que eleva o filme como um todo é o excelente trabalho de pegar no coração do público. “Turma da Mônica: Lições” é um filme que te abraça. Depois de dois anos de distanciamento social, talvez seja exatamente isso que estávamos precisando. O filme estreia dia 30 de dezembro.