Eduardo e Mônica
O filme da música
Eduardo (Gabriel Leone) e Mônica (Alice Braga) se conhecem em uma festa e imediatamente gostam um do outro, mas não têm nada em comum. Eduardo ainda é um estudante tímido e desengonçado e Mônica é uma mulher decidida que está terminando a faculdade de medicina e que se interessa por arte.
Independentemente disso, os dois não conseguem parar de pensar um no outro e embarcam em um romance onde precisam superar suas diferenças e crescerem juntos.
Eduardo e Mônica é inspirado na música de mesmo nome, de Renato Russo.
Personagens que todo mundo conhece
A música Eduardo e Mônica já faz parte do imaginário coletivo do Brasil e certamente não existe um brasileiro que não saiba cantar pelo menos um trecho dela. Outra característica da composição de Renato Russo é que a letra é muito vívida e que já conta uma história, o que, naturalmente, ajuda o roteiro do filme.
O longa, então, se apoia no que a letra fala sobre esse casal tão famoso: o filme mostra Eduardo como um adolescente de dezesseis anos que passa seu tempo vendo novela e com seu avô (Otávio Augusto), tímido e sem jeito, enquanto Mônica é independente, decidida, anda de moto, gosta de rock inglês e tem posições políticas bem claras.
A ideia é bem interessante porque recria personagens que todo mundo já conhece, mas nunca viu. A música de Russo já vem com muitas características tanto de Eduardo, quanto de Mônica, mas cabe ao longa preencher os espaços que não aparecem na música, como por exemplo, a família dos personagens, que aqui ganham personalidades e carreiras, e também conflitos com os protagonistas.
É assim que o universo de Eduardo e Mônica vai surgindo no mundo real.
O romance
Mas a produção conta a história de um romance desde o começo e, por isso, também é focada nessa relação. Logo no início do filme, assistimos a história do ponto de vista de cada um deles, com a tela dividida para que possamos entender como Eduardo e Mônica são diferentes e têm vidas diferentes.
E essa é uma ideia que está na música e que também perpassa o filme todo, são as diferenças que atrapalham a relação dos dois, já que em muitos momentos eles não concordam, mas continuam sua relação, apesar disso.
Em muitos aspectos, esta é uma comédia romântica clássica, onde um casal se conhece, se apaixona, começa um relacionamento aparentemente maravilhoso, mas se depara com problemas e precisa enfrentá-los. Eduardo e Mônica é, em muitos sentidos, realista. O romance, embora seja bonito, não é totalmente idealizado e é interessante acompanhar o casal, mesmo que a gente já saiba o que vai acontecer.
No entanto, o longa se sai bem quando aprofunda os personagens, que já têm muitas cores na música e assim, também dá mais camadas ao relacionamento deles.
Aspectos técnicos de Eduardo e Mônica
O longa parte de uma ideia bem interessante: transformar uma música em filme. A letra da música já é cheia de detalhes e já conta, por si só, uma história, mas o filme se aprofunda nisso, usando os elementos que Russo colocou na canção. Existe um cuidado para não transformar um longa em videoclipe, por isso, não escutamos a música de mesmo nome em momento nenhum – só nos créditos -, e os personagens também não falam nenhum verso da canção. Ouvimos outras músicas do Legião Urbana no filme e Fabrício Boliveira, protagonista de Faroeste Caboclo, outro filme inspirado em letra de Renato Russo e dirigido por René Sampaio, faz uma participação como uma espécie de referência.
O longa é colorido e usa de cores fortes e claras, fazendo deste um filme com tom alegre, mesmo quando acompanhamos cenas não tão felizes assim. Brasília, cidade onde a banda Legião Urbana se formou e onde se passa a história da música, também é um ponto importante do filme, quase como um terceiro elemento entre o casal. Segundo Sampaio, Eduardo e Mônica também é uma carta de amor para a capital.
A trama se passa nos anos 1980, mas usa de figurinos que são relativamente atemporais e que poderiam ser usados até nos dias de hoje. Eduardo tem um guarda-roupa colorido e adolescente, que muda conforme seu personagem cresce, enquanto Mônica aparece quase sempre usando preto. As roupas certamente refletem as personalidades dos protagonistas e nos ajudam a entendê-los melhor. Sabemos que o filme se passa nos anos 1980 porque a trilha sonora nos remete a isso, com nomes como A-ha, B-52s e The Clash.
Muito do filme se baseia na química entre Gabriel Leone e Alice Braga, que funciona bastante, é fácil acreditar que os dois são um casal e, assim, torcer por eles. Para além disso, os dois atores também se saem muito bem nos seus papeis. As atuações coadjuvantes, como a de Otávio Augusto, que interpreta o avô de Eduardo, completam esse quadro.
Eduardo e Mônica é, com certeza, uma história que todos os brasileiros conhecem. O filme, que é divertido e bonitinho na medida certa, é uma maneira de finalmente dar rostos para esses personagens e o resultado é bem satisfatório. O filme tem pré-estreias a partir do dia 1 de janeiro e chega aos cinemas no dia 6 de janeiro.