Um Broto Legal

A cinebiografia de Celly Campello

A jovem Celly Campello (Marianna Alexandre) quer ser cantora, mas sofre preconceitos por ser mulher e querer cantar Rock and Roll. Porém, quando ela grava a música Estúpido Cupido, sua carreira decola. Um Broto Legal é a cinebiografia de Celly Campello.

O começo da carreira

O filme acompanha a carreira de Celly Campello, mas para tal, precisa fazer um recorte do que vai mostrar, como acontece com frequência com cinebiografias de músicos. O longa então, se dedica a mostrar o início da carreira de Celly.

Celly e Tony Campello em Um Broto Legal
Celly e Tony Campello

Quando o filme começa, ela ainda é praticamente uma adolescente, que junto com seu irmão, Tony (Murilo Armacollo), sonha em se tornar uma cantora de rock. Os dois têm o apoio do pai (Paulo Goulart Filho), mas a mãe (Martha Meola) não vê os artistas com bons olhos e acha que Celly deve estudar e depois se casar. O namorado de Celly, Eduardo (Danillo Franccesco) também não gosta da ideia dela se tornar uma cantora e, depois de um tempo, passa a reclamar que ela não tem tempo para ele, já que precisa se dedicar à carreira.

O que acompanhamos então, é como Celly passa de uma garota comum para a primeira mulher a cantar rock no Brasil. Através disso, o filme consegue mostrar também um pouco da vida pessoal dela, ainda que de maneira bem rasa, mas também como era o tratamento dado aos artistas na época e às mulheres que desejavam ter uma carreira.

A personagem de Celly até tem um discurso feminista, que não combina com a época em que ela viveu, por mais moderna que ela fosse, mas que fala com o público de hoje e, por isso, funciona, já que um filme fala muito mais sobre a época em que ele foi feito do que sobre a época em que ele se passa.

O filme Um Broto Legal acompanha o começo da carreira de Celly
O filme acompanha o começo da carreira de Celly

Tom artificial

Um Broto Legal é um filme certinho, ele tem cuidados em relação aos seus aspectos técnicos e tem um roteiro que se dedica a retratar a carreira de Celly Campello, mas ele tem um tom um tanto quanto artificial.

Algumas das cenas são muito teatrais, mas o grande problema é que tudo parece extremamente bem ensaiado, não existe aquela sensação de que acompanhamos situações reais. É óbvio que todos os filmes são encenados, inclusive os que são inspirados em fatos reais, como é o caso de Um Broto Legal, mas eles soam realistas dentro de suas tramas, e não é isso que acontece aqui. E como o filme retrata uma história real, isso chama ainda mais a atenção.

Os diálogos caem nesse mesmo problema, algumas falas são dadas sem nenhuma realidade e alguns diálogos, que soam como cópias de filmes americanos, fazem o telespectador se perguntar se a pessoa retratada realmente disse isso na vida real, o que parece bem improvável.

Outra questão é que o filme aborda pouco tempo da carreira – que foi, de fato, curta – e da vida de Celly. É natural que se aborde a carreira dela, mas uma vez que o período em que ela esteve na mídia foi pequeno e que ela parou de cantar para se casar, seria interessante que o longa passasse a seguir a vida pessoal da cantora. Saímos do filme sabendo pouco da vida de Celly, o que é uma pena.

Aspectos técnicos de Um Broto Legal

Um Broto Legal parece ser uma produção pequena, que até se sai bem com os recursos que tem. O filme não é mal-feito, ele é bem cuidadoso, mas erra em alguns detalhes. O fato dele ser artificial é um deles, as situações não soam realistas. Os figurinos, por exemplo, são dos anos 1950 e 1960, mas não parecem roupas reais da época e sim, a visão dos anos 2020 dessas décadas, ou seja, a ideia um tanto quanto caricata que se faz das roupas que as pessoas usavam na época.

Uma parte da culpa da artificialidade do filme é do elenco, que não se sai tão bem na hora de dar suas falas, tudo é bem teatral, e em um filme onde vemos os personagens muito de perto, isso soa exagerado. Os atores também não estão cantando em cena, eles dublam, e as vozes faladas destoam demais das vozes cantadas. Marianna Alexandre, que interpreta Celly, no entanto, é carismática e se sai bem, gostamos de Celly e queremos que ela se saia bem nos seus intentos.

Um ponto positivo são as cenas de dança, que são poucas, mas são feitas por pessoas que realmente sabem dançar, o que raramente vemos em filmes.

Claro que Um Broto Legal tem seus méritos, é interessante, por exemplo, conhecer a vida e a carreira de uma cantora que talvez já não seja mais tão popular e que está restrita a alguns nichos, e não é que o filme seja ruim, ele só não é tão bom quanto poderia ser. Dessa maneira, a história de Celly Campello, que é um grande material, soa um pouco desperdiçada.

Um Broto Legal falha em alguns aspectos básicos e decepciona porque não consegue aproveitar todo o potencial que tinha em mãos. O filme chega aos cinemas no dia 16 de junho.

Um Broto Legal

Nome Original: Um Broto Legal
Direção: Luiz Alberto Pereira
Elenco: Marianna Alexandre, Murilo Armacollo, Paulo Goulart Filho, Martha Meola, Petrônio Gontijo
Gênero: Biografia, Musical, Drama
Produtora: Ronald Kashima, Diana Landgraf Pereira, Luiz Alberto Pereira
Distribuidora: Pandora Filmes
Ano de Lançamento: 2022
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