American Horror Story: 1984 (9ª Temporada)

No verão de 1984, Brooke Thompson (Emma Roberts) e seus amigos resolvem sair de Los Angeles para trabalhar no Acampamento Redwood, sem saberem que o local foi palco de um massacre em 1970, cometido pelo jardineiro do acampamento, Sr. Jingles (John Carroll Lynch).

O que ninguém imagina é que o Sr. Jingles escapou da clínica psiquiátrica onde estava internado e que está indo para o Acampamento Redwood se vingar.

Slasher

A nona temporada de American Horror Story se distancia das outras e não usa de personagens que já apareceram anteriormente, embora use do mesmo elenco, como é comum na atração. A série, na verdade, mergulha no subgênero do slasher, que teve seu auge nos anos 1980.

Os filmes slasher são filmes que geralmente envolvem um assassino mascarado perseguindo um grupo de jovens e matando de maneira quase aleatória e bem violenta. O gênero não costuma ter questões sobrenaturais, mas a forma com que esses assassinos se movimentam e sobrevivem a tudo é antinatural. Para além disso, o slasher tem questões bem específicas com um fundo bem moralista e que hoje já são até motivos de piadas: jovens que fazem sexo ou usam drogas morrem e a única sobrevivente do filme – conhecida como Final Girl – é uma mulher virgem.

American Horror Story: 1984 prepara toda a sua engrenagem para deixar claro que vamos acompanhar uma temporada dentro desse subgênero: a protagonista Brooke é uma garota tímida e insegura que, mais tarde, revela ser virgem; sua melhor amiga, Montana Duke (Billie Lourd) é promíscua; o grupo de amigos atropela uma pessoa no caminho para o acampamento, como acontece em Eu Sei o Que vocês Fizeram no Verão Passado; o acampamento foi palco de um massacre que, claro, vai voltar para assombrar os personagens e um assassino maluco e que consegue circular por todo o acampamento sem ser notado persegue esses jovens.

Mas claro que se fosse só isso, American Horror Story: 1984 seria só mais um slasher onde alguns elementos se fazem diferentes, então a série muda drasticamente de tom ao longo da sua temporada.

Depois do acampamento

American Horror Story: 1984 começa a esquecer o slasher lá pelo seu quinto episódio, ou seja, no meio da temporada, e faz isso através de um avanço no tempo. Quando a série começa a apresentar o que aconteceu com os personagens que estavam no acampamento em 1984, ela também começa a revelar segredos e quebrar os arquétipos e os clichês que ela mesma criou.

A temporada primeiro introduz aspectos sobrenaturais, o que não é comum no slasher, e retoma a mitologia que foi apresentada na primeira temporada, American Horror Story: Murder House: as almas permanecem no lugar onde elas morreram, o que faz do Acampamento Redwood um verdadeiro celeiro de fantasmas. O serial killer real Richard Ramirez (Zach Villa), conhecido como perseguidor noturno, também aparece na série e tem elementos sobrenaturais associados a ele.

A atração então, começa a desmontar os seus próprios personagens, Brooke se mostra bem mais esperta do que as Final Girls geralmente são, o Sr. Jingles ganha tons mais humanos e quem antes parecia mocinho mostra lados mais cruéis. American Horror Story: 1984 se distancia do slasher quando aprofunda seus personagens.

Aspectos técnicos de American Horror Story: 1984

Fica claro que essa temporada é uma espécie de homenagem ao slasher e a sagas de filmes como Halloween, Sexta-feira 13 e A Hora do Pesadelo, mas ela ganha bastante quando dá mais camadas a seus personagens e suas tramas, isso porque uma temporada de nove episódios não conseguiria segurar personagens tão planos quanto um filme de no máximo duas horas consegue.

É interessante que American Horror Story: 1984 mergulhe profundamente no subgênero do slasher, inclusive, usando e abusando dos clichês, mas use sua segunda parte para desmontar boa parte do que ela mesma estabeleceu.

A série se passa nos anos 1980 e é caracterizada dessa maneira, as produções de American Horror Story costumam ter um lado bem irônico e aqui isso está presente não só nos figurinos bem exagerados, como também na repetição de alguns temas que se relacionam à década de 1980, como a aeróbica, ou mesmo em histórias secundárias, como a de Trevor Kirchner (Matthew Morrison) e Xavier Plympton (Cody Fern), atores de cinema pornô, que parecem não se relacionar com o gênero do terror.

Emma Roberts é a protagonista dessa temporada e se sai bem, ela ganha bastante destaque porque interpreta uma personagem bem diferente das que ela já interpretou em outras temporadas da série, mas a série tem outras boas atuações, como as de Billie Lourd, Leslie Grossman e John Carroll Lynch.

American Horror Story: 1984 não é uma temporada especialmente assustadora, mas ela cumpre o que propõe e entretém a audiência ainda que não a deixe com os nervos à flor da pele.