Estados Unidos vs Billie Holiday
A "cinebiografia" de Billie Holiday
Billie Holiday (Andra Day) é uma famosa cantora e vem chamando a atenção demais com suas canções de protesto, por isso, a polícia passa a considerá-la um perigo.
Sem poderem prendê-la pelo que ela canta, a polícia percebe que a melhor maneira de silenciar Billie é persegui-la devido ao seu vício em drogas, e essa investigação é encabeçada por Jimmy Fletcher (Trevante Rhodes), com quem Billie já teve uma relação.
Uma cinebiografia diferente
Estados Unidos vs Billie Holiday é mais um filme que vem na onda das cinebiografias de cantores e cantoras famosas, que tem feito um relativo sucesso ultimamente, mas o filme tem um recorte diferente, ele não aborda toda a vida de Billie Holiday.
Como é possível notar em vários filmes dentro desse subgênero das cinebiografias musicais, é praticamente impossível narrar toda a vida de uma pessoa em um longa-metragem, ainda mais quando essa pessoa, presumivelmente, teve vários feitos, como geralmente acontece com personagens que ganham cinebiografias, então, o mais inteligente é mesmo fazer um recorte da vida.
Mas este filme faz esse recorte de forma diferente, não existe qualquer intenção de mostrar como Billie Holiday era quando criança, como ela começou a cantar ou como sua carreira decolou e nem mergulha na sua vida pessoal, o filme fala especificamente do auge da carreira de Holiday quando ela começou a ser perseguida por seu vício em drogas.
Racismo e perseguição
Ainda que o filme não dê muitas informações sobre a vida pregressa de sua biografada, ele é focado em um momento importante e terrível da história de Billie e que, automaticamente, fala sobre muitas outras questões.
Billie Holiday era uma mulher negra fazendo muito sucesso nos anos 1950, que também começou a falar sobre o racismo, o que claro, não agradou muita gente. O que chama a atenção da polícia inicialmente é a música Strange Fruit, cuja letra descreve corpos negros pendurados em árvores.
Billie, no entanto, não pode ser presa por cantar, então, a solução surge através do vício da cantora, que vira o motivo oficial da perseguição. Com essa história que parece ter só a intenção de contar a vida de Billie Holiday, Estados Unidos Vs Billie Holiday na realidade, fala sobre racismo.
Aspectos técnicos de Estados Unidos Vs Billie Holiday
Talvez porque seja muito complicado retratar uma vida inteira de uma pessoa, a produção escolhe falar de um momento específico e também decisivo da vida dela. Nesse aspecto, o filme ganha muito, já que consegue falar também sobre outras questões, que merecem ser debatidas.
Por outro lado, quem chega à produção esperando conhecer mais da vida da biografada, pode se decepcionar, já que o filme não é muito informativo. Para os fãs da cantora, que supõe-se já conhecer a vida dela, o longa pode ser uma experiência bem interessante.
Um ponto alto é a atuação de Andra Day, que está ótima em cena. Também existe cuidado em relação ao figurino, que precisa recriar os anos 1950 e se sai bem, mas como boa parte do filme é focado em Billie e em suas reações, quase não vemos outros cenários para além da casa dela e outras roupas para além das que ela usa.
Não há dúvida que Estados Unidos Vs Billie Holiday é um filme importante, que não só retrata uma grande artista, mas também fala sobre temas que devem ser debatidos e combatidos, mas como ele passa boa parte do tempo falando da perseguição contra Billie, acaba se tornando tedioso com o tempo, e também um tanto quanto insuficiente, já que não mergulha em outros pontos importantes da vida e carreira da artista. O filme deixa a plateia com a sensação de que alguém como Billie Holiday merecia um longa mais detalhado e que ressaltasse seus feitos para além da perseguição.
Estados Unidos Vs Billie Holiday não é um filme ruim, mas não cumpre todas as expectativas da audiência e o telespectador que começou o filme esperando saber mais sobre Billie Holiday, sai sem aprender muita coisa.