Dica de Filme: Zatoichi, a arte do combate digital

Hoje vou falar sobre a evolução do combate com espadas. Não na vida real, claro, onde já não se fazem mais samurais como antigamente, mas na tela do cinema. Os filmes que usarei de exemplo são Os Sete Samurais (de Akira Kurosawa), considerado por muitos como o primeiro filme de ação como a conhecemos hoje da história do cinema, representando o combate ancestral, e Zatoichi (de Takeshi Kitano) representando o combate samurai digital.

Combate samurai digital? Isso não é coisa de Star Wars?” – pergunta o gordinho nerd no fundo da sala.

Isso mesmo crianças, combate digital.

Eu explico: antigamente (onde antigamente leia-se até alguns anos atrás), as cenas de luta nos filmes eram coreografadas com o maior cuidado e precisão possível, mas possuíam uma limitação natural: a segurança dos atores e dublês envolvidos. Observemos a obra prima de Kurosawa: mesmo nas cenas mais incríveis, podemos perceber que as espadas passam apenas muito próximas dos samurais, enquanto que em Zatoichi, as espadas passam ATRAVÉS dos atores, literalmente cortando-os em pedaços.

Essa técnica de computação é utilizada por Kitano com grande maestria que, somando-se ao movimento ágil de câmera, cria cenas de combate extremamente realistas e dolorosas, com membros decepados in loco, braços voando e sangue digital espirrando para todo lado, acompanhando os movimentos da espada como se fosse um anime do Rurouni Kenshin (Samurai X).

É importante ressaltar que existem duas versões para este filme. Na versão original, o filme foi considerado violento demais e recebeu classificação etária muito alta, tendo que ser modificado (o sangue digital recebeu uma coloração avermelhada forte, propositadamente irreal) para que conseguisse classificação R.

zatoichi-prepares-for-battle

Este é o oitavo filme que conta a lenda de Zatoichi e, assim como nos outros filmes, possui um enredo bastante simples: viajante cego (Takeshi Kitano, o velhinho japonês de Johnny Mnemonic) que, na verdade, é um grande samurai, chega a uma vila dominada por bandidos e acaba auxiliando uma velha senhora, seu sobrinho viciado em jogos e duas gueixas que possuem sua própria agenda. O filme é repleto de clichês, funcionando como uma grande homenagem aos filmes de samurai (incluindo ai os Sete Samurais). Eu daria nota nove para o filme se não fosse o número de dança Stomp jogado no meio do nada, que estraga completamente o clima (eu li em algum lugar que o diretor fez de propósito, para homenagear alguns filmes japoneses antigos que terminavam com um show, mas, mesmo assim, ficou uma porcaria!). Bem, você já foi avisado, então apele para o seu lado Zen e não fique irado, pois o tio Marcelo já ficou por você…

Etiquetas

Deixe um comentário

Botão Voltar ao topo
Fechar