Jogador Número Um, uma caça a easter eggs
Jogador Número Um é um filme inspirado num livro de mesmo nome (na gringa, Ready Player One) lançado em 2011. O filme é dirigido pelo Steven Spielberg e olha que acerto dele, já deixo aqui a minha modesta opinião!
A história é uma grande caça a easter eggs, um filme de nerd e nada melhor que um verdadeiro nerd, um diretor de filmes infantis clássicos dos anos 80 e 90 para trazer esse livro à tona e o fazer virar um grande filme cheio de referências. Enquanto eu estava assistindo a esse filme eu lembrava de outros filmes de Spielberg na Sessão da Tarde quando eu era moleque e tinha aquela sensação de estar assistindo àqueles filmes em grupo, de molecada, nos anos 80 e 90 e é isso que esse filme é.
No mundo distópico de 2044 as coisas estão todas cagadas, as pessoas vivem uma realidade de merda, a super população é um problema sério e as pessoas não enxergam muito do mundo real, ele é transmitido para poucas pessoas em corporações, uma parte ou outra da cidade e principalmente em um amontoado de favelas futurísticas.
Toda diversão, toda escapatória que as pessoas têm se resume a um lugar chamado Oasis, um óculos de realidade virtual que junto com luvas e outros equipamentos permite entrar nesse mundo e ser quem você quiser, o limite é a sua imaginação. Aqui, o filme nos apresenta ao Oasis de um maneira muito simples, muito fácil, apesar de positiva, fazendo as palavras do criador ecoarem: “Esse é um mundo onde a sua mente é a única limitação”. E é esse criador de tão vasto paraíso virtual que vêm a falecer, deixando um easter egg dentro do Oasis e uma condição: quem encontrasse passaria a ter controle total da sua empresa e consequentemente do próprio mundo, uma vez que as pessoas não saem mais do mundo virtual.
Nesse quesito o filme é bem desenvolvido principalmente porque você compra a ideia, você acredita no que está acontecendo até porque não tem muito tempo para não acreditar, as coisas começam a acontecer loucamente, há uma cena de corrida logo de cara que você já fica “Meu Deus!”. É uma explicação atrás da outra e você tentando entender o que está acontecendo enquanto junto ao protagonista parte em busca desse easter egg, a cabeça fica de um lado para o outro porque se você conhece cultura pop, nem que seja só um pouquinho vai ficar procurando as inúmeras referências existentes no filme.
A direção trás excelentes efeitos especiais e consegue construir um mundo interessante. Não pense que o filme é perfeito, ele tem um probleminha ou outro: excesso de facilitações de roteiro, falta de conteúdo para alguns personagens e a própria partida em uma aventura junto ao protagonista ocorre sem muito vínculo, parecendo mais uma aventura descompromissada quando o herói não dá valor a própria vida. Aliás, Tye Sheridan consegue prender bastante a atenção ao filme, deslizando em alguns momentos formando um sobe e desce de atuação que gera dúvida, principalmente por sua atuação como personagem digital, fazendo essa coisa de se conectar ao avatar gerar uma emoção complicada, que faz você se apegar mais ao herói digital do que a pessoa do mundo real.
O vilão da história é um canastrão estilo anos 80 e 90 com cara de empresário e que vai gerar emoções diferentes, principalmente quanto a sua índole, quando você estiver de frente ao longa. Uma característica que gostei muito por trazer um elemento inesperado para um personagem caricato, situação que ocorre com toda a atmosfera nerd do filme, levando uma cultura pop retro a um ambiente virtual estereotipado, mas super divertido.
A transição entre o mundo real e o virtual ocorre bem, coisa que não ocorre com os riscos e facilidades de roteiro, trazendo uma sensação de obra infantilizada e um tanto quanto bobinha, que tende a agradar muito facilmente quando coloca na tela todo tipo de personagem possível: Hello Kitty, Tartarugas Ninjas, Batman, Robôs Gigantes… Fazendo do filme uma desculpa perfeita para fazer um mashup com os personagens do mundo nerd.
Confira também essa crítica no Canal Doug Channel:
Jogador Número Um
Poderia tirar um pouco mais de nota por algumas obviedades de roteiro, mas eu saí muito feliz desse filme, não vou mentir. Acho que vale muito a pena assistir Jogador Número Um.