A Firma, o lado bom do esquema

Mais uma adaptação de John Grisham, o longa traz um jovem Tom Cruise no auge da carreira, que começa a história sendo disputado por dezenas de corporações de Direito, até fechar com a firma do título, saindo da pobreza, ganhando o carro do ano, uma mansão e um salário inacreditável para viver o sonho americano ao lado de sua linda esposa.

Jeanne Tripplehorn e Tom Cruise
Jeanne Tripplehorn e Tom Cruise

O protagonista é um herói clássico, idealista, bom marido, que saltita com crianças de rua e tem um sorriso fácil. O que o leva, é claro, a querer a denunciar os podres de sua empregadora assim que os descobre e se vê envolvido numa trama maior, incluindo ainda a máfia e o FBI, que o encurralam num jogo de poder, que o levam a decair enquanto figura ideal: ele trai a esposa, chantageia a lei para libertação do irmão criminoso, faz certo tipo de extorsão, rouba arquivos, para então depois encontrar um caminho de luz e legal — literalmente, já que ele descobre uma maneira dentro da lei de derrubar o império ao qual pertence, sem que ele seja tragado no processo.

Tom Cruise é Mitch McDeere
Tom Cruise é Mitch McDeere

E é assim que Sydney Pollack conduz a narrativa de quase duas horas e meia, sem pressa, desenvolvendo personagens e relacionamentos em uma direção segura, ainda que pedante, deixando seu elenco de peso à vontade num roteiro redondinho. Dessa forma, além de um Cruise sempre na medida, temos Jeanne Tripplehorn em ótimo desempenho, assim como Holly Hunter e Ed Harris, muito antes dessas figuras caírem no piloto automático. Gene Hackman, um dos melhores atores de sua geração, é o que mais brilha aqui, em uma atuação ambígua e complexa, cheia de camadas.

A exceção aqui é a trilha sonora. Insuportável, em um piano que mantém o mesmo tom o tempo todo, seja para momentos alegres, seja para momentos tensos ou eróticos, a trilha é imutável. Seria interessante lançar uma versão desse filme sem o péssimo trabalho de Dave Grusin (fica a dica).

Mesmo com toda a podridão corporativista, A Firma ainda é um filme bastante otimista.

A Firma

A Firma basicamente é a mesma coisa que O Advogado do Diabo, mas sem o diabo.

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