Os Intocáveis (1987), obra prima do cinema de Brian De Palma
Baseado no livro autobiográfico The Untouchables, de 1957, escrito pelo ex-agente idealista do FBI Eliot Ness, que no filme é estrelado por Kevin Costner. Robert De Niro como o chefão da máfia Al Capone e Sean Connery como o oficial de polícia de Chicago, Jimmy Malone. O longa segue o relato de Ness sobre os esforços dele e de seus Intocáveis para colocar Capone atrás das grades durante a Lei Seca, encontrando entre ações bem investidas que nunca resultam em nada, a famosa brecha sobre o imposto de renda, que resultou na condenação do mafioso na época.
Mas é no valor de produção que Os Intocáveis mais chama a atenção. Brian De Palma é muito feliz em suas decisões cinematográficas, muito refinado nas escolhas de tomadas e ângulos, como em alguns exemplos memoráveis, a começar pela primeira cena com uma tomada zenital que oculta a princípio a identidade de Capone cercado de seus homens e um barbeiro, que já estabelece a sua iconografia antes mesmo da história impulsionar; ou então da câmera subjetiva do carcamano que invade o edifício de Malone, note os detalhes de seus movimentos críveis, das escolhas que ele faz cômodo a cômodo, criando uma dupla tensão (quem sofrerá as consequências, o caçador ou o caçado?); e por fim, não menos importante, a melodramática e incrível cena final na estação, com o bebê no carrinho rolando escada abaixo, enquanto dois agentes compõem um gesto simultâneo pra matar e salvar ao mesmo tempo, num primor absurdo e belo de se acompanhar, homenageando O Encouraçado Potemkin.
Os Intocáveis segue assim, um filme de seu tempo, falando do passado e ainda dando lições cinematográficas para o futuro, com um roteiro redondinho do grande David Mamet, embalado pela trilha sempre magnífica do imbatível Ennio Morricone. Um filme intocável, sem o perdão do trocadilho.